Canto magro

O açúcar está na base deste pneu cintura
disse-me o doutor c’ energia e candura:

mas como seu doutor, se o único doce
que trago ao meu lado é o meu amor,
com muito mocotó, porém sem pão de ló
além dos mil abraços antes que ela viesse
a me trocar por magro e elegante moço
nascido no Estácio, porém portelense
enquanto sou vascaíno e ele fluminense
e apesar de ter nascido em Madureira
ser da Estação Primeira de Mangueira
o maior torcedor onde ela for campeã
ou vice-campeã, ou até rebaixada
para o segundo grupo, como o meu
pneu me fez ser rebaixado agora
pela querida Isadora, foi pela Isadora!

E se faço este samba de dor de cotovelo
prometo emagrecer um ano inteiro
tudo que engordei por desmazelo,
enquanto Isadora ainda é bem sarada
e até tentou que eu não fosse este
mata-borrão barrigudo deitado
que não enxerga o pé onde não vai a mão
nem para cortar unhas entregue
à podóloga uma vez por mês
para aparar os cascos deste freguês
de agora que promete canto magro
para o ano que vem, para o ano que vem.

Quando o pneu cintura, desaparecido
vai me fazer perder dez calças cumpridas
e o meus suspensório de grampo dourado.