Era Uma Vez Um Paraíso Chamado Brasil (Parte II)

Eles navegavam tranquilamente seguindo uma rota previamente traçada. Até que, depois de certo tempo e já tendo sido percorrida uma grande distância mar adentro, os ventos cessaram e uma demorada calmaria pairou naqueles mares, paralisando toda a frota. Como nada podia ser feito para reverter tal situação a não ser esperar que os bons ventos voltassem a soprar, eles decidiram, jurando que era simplesmente para evitar aquele compulsório marasmo, tomar uma ‘vacina’ contra o tédio; acabaram, de uma só vez, com todo o estoque de vinho e conhaque que seria para toda aquela longa viagem.

E o que se viu foi uma verdadeira farra; a bebida rolou solta. E como era de se esperar, depois de toda aquela bebedeira, alguma coisa haveria de não dar certo.

E não deu mesmo. Ou. Quem sabe? Talvez tenha até dado certo demais...

O tempo mudou; aquela calmaria se foi, dando lugar a uma forte rajada de vento que acabou pegando aquela tripulação, que ainda se encontrava literalmente ‘resssaqueada’ totalmente desprevenida; era um bando de bebuns completamente desorientados, ‘batiam cabeça prá lá e prá cá’, sem conseguir colocar em ordem o seu raciocínio; os comandantes daquelas caravelas já não sabiam mais o que fazer. Até que eles conseguiram a muito custo formar uma nova frota. Mas quando isto aconteceu foi como se um ‘balde de água fria’ tivesse caído sobre suas cabeças; eles descobriram que estavam completamente perdidos naquela imensidão do mar. E como eram católicos, decidiram então rezar e deixar que bons ventos os levassem para um porto seguro.

E parece até que as suas preces foram atendidas, pois passada aquela noitem após um dia tenebroso, uma ensolarada manhã veio abrilhantar aquele vigésimo segundo dia do mês de abril do ano de 1500 quando, ainda com a sua mente entorpecida e curtindo uma ressaca daquelas pelo excesso de bebida do dia anterior, um daqueles velhos marujos resolveu aproveitar aquele dia maravilhoso e subir até a ‘torre de vigia’ para tirar uma soneca. A tal torre de vigia, na verdade não passava de uma espécie de cesto que ficava estrategicamente colocado no topo do mastro mais alto da embarcação de onde se podia ter uma visão privilegiada.

Acontece que todo aquele esforço feito pelo velho marujo para chegar até lá em cima, contribuiu para que toda aquela bebida que ele havia ingerido causasse uma verdadeira ebulição em seu estômago e ele não viu outra alternativa senão arriar rapidamente as calças e, no episódio da invenção da balsa virar-se de costas para aquela imensidão de mar, acomodou-se na borda daquele enorme cesto e, sem nenhuma cerimônia, simplesmente; ‘deixar cair’. Mas foi então que algo inusitado aconteceu; um fato que viria a se tornar uma preciosidade e que ficaria gravado para sempre na história.

Foi assim que aconteceu; quando o tal marujo, depois de ter lançado ao mar uma grande parte daquilo que tanto o incomodava, o forte odor que dele exalava acabou atraindo um bando de moscas e até alguns marimbondos. E foi com a intenção de espantá-los que ele pegou um velho trapo que estava no fundo do tal cesto e, freneticamente, começou a agitá-lo. Aconteceu então que, em certo momento, desprendeu-se daquele pano velho um bocado de terra, ou pó, sabe-se lá o quê...

O fato é que quando aquele lixo lhe caiu nos olhos ele sentiu uma ardência tão forte, que soltou um lancinante grito de dor; gritou desesperado: “-Terra na vista!” Ora, aqueles marujos que estavam no convés e também ainda se encontravam se restabelecendo dos efeitos da bebedeira, pensaram que ele era o vigia e entenderam que ele havia gritado; ‘Terra à vista’ e foram correndo levar aquela boa nova ao comandante.

E o resultado de tudo aquilo que se sucedeu logo após aquele ‘famoso grito’ todos nós já sabemos de cor e salteado, pois estão indelevelmente registrados na história do nosso País.

E tudo isso que aqui foi exposto, serve apenas para explicar e, talvez justificar a razão pela qual o nosso país -com letra minúscula- se encontra atualmente mergulhado nessa situação caótica, ou seja; toda esta “M” que nós, o povo, estamos compulsoriamente vivenciando, está acontecendo dentro dos parâmetros preestabelecidos a partir daquele mal fadado acaso que deu origem ao seu descobrimento, onde tudo começou. E começou muito mal...

E como tudo aquilo que começa mal, acaba terminando mal, não podemos sequer reclamar da atual situação em que se encontra o nosso país, já que o evento da sua descoberta se deu apenas graças ao resultado de uma grande...

ERCalabar
Enviado por ERCalabar em 15/03/2019
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