GRANDE MEDO.

Quando morava em Xambioa, cidade do Norte do Estado do Tocantins, fiz amizade com um morador antigo da cidade , chamado Zequinha da Bibi. Contador de causos e histórias daquela região. Raro era o final de tarde , que a gente não se encontrava na quitanda do seu Manoel, para tomar uma pinguinha e trocar umas prosas.

Essa foi contada por ele:

Tempos atrás não existia funerária na cidade. Quando morria alguém o caixão tinha que ser encomendado fora, na cidade mais próxima. Zequinha tinha uma camionete antiga, que fazia viagens de frete. Encomendaram pra ele buscar um caixão para um fazendeiro falecido na noite anterior. Na volta pegou mais uns passageiros , para aumentar o lucro da viagem . Cabine cheia, colocou o caixão na carroceria. Seguiu viagem de volta. Andou uns quilômetros, um andarilho pediu carona. Só se for na carroceria. Disse Zequinha, boleia tá cheia. O cara subiu , olhou pro caixão mas foi assim mesmo. Começou chover, ele para não se molhar entrou no caixão, puxou a tampa. No vai e vem do carro, friozinho da chuva dormiu.

Mais na frente, quatro pessoas pedem carona , Zequinha disse sobe aí atrás. Os caras subiram, olharam pro caixão, abismados e com medo, se aconchegaram num canto da carroceria. E segue viagem. Certo tempo, o que dormia no caixão acordou, levantou a tampa e perguntou: passou a chuva?

Zequinha disse que só viu gente pular da carroceria e se embrenhar no mato correndo. Diz que teve uns que correram tanto que chegaram na cidade primeiro que o carro.

Felix Chaves
Enviado por Felix Chaves em 06/04/2019
Reeditado em 06/04/2019
Código do texto: T6617011
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