Os Jogos do XV de Jaú

Os Jogos do XV de Jaú

Novamente senti vontade de escrever sobre a minha infância e as coisas boas que vivi com o papai.

Bons tempos àqueles que o XV era um bom time do interior. Infelizmente, hoje está “caindo pelas quebradas” e disputando as divisões mais baixas do Campeonato Paulista. Para minha sorte, tive oportunidade de ver grandes craques como: Ademir da Guia, grande volante do Palmeiras jogando junto com Dudu e outros que fizeram a época de ouro do Palmeiras. Edu, jogando na ponta-esquerda do Santos, que inclusive era amigo da família e foi o responsável por eu ser até hoje torcedor do Santos. Vi também os grandes nomes do Corintians, São Paulo dentre outros. Isto tudo graças ao papai. Ele não perdia nenhum jogo e eu estava sempre junto. Não tenho certeza, mas acredito que a minha entrada era garantida por uma espécie de pacto entre mamãe e papai, do tipo “vai ao jogo, mas leva o Lú”.

Com isso mamãe tinha duas horas inteiras de sossego na casa.

A nossa casa era próxima do estádio e passagem obrigatória dos torcedores antes e depois do jogo.

Para mim isto era um privilégio, poder acompanhar aquele mundo de gente passar na frente de casa. O problema é que nem sempre os torcedores estavam satisfeitos com o resultado do jogo e as brigas entre as torcidas eram muito comuns. Lembro-me de já saber de antemão os dias que haveria quebra-pau. Por exemplo, quando o time visitante era o rival XV de Piracicaba ou o Prudentina, a contenda era garantida. Talvez porque à distância do estádio até em casa fosse a exata para atingir o limite das provocações, o fato é que o pau quebrava bem na frente da casa. Cheguei a ver sangue nos quebra-paus. Bem, mas estas não são as boas lembranças. A Parte boa era estar com o papai em todos esses eventos. Dentro do estádio, o mais interessante não era o jogo, mas sim a expectativa pelos vendedores de sorvete, amendoim, pipoca, doces e tudo mais. Eu queria que o papai comprasse tudo. Ele geralmente cedia à minha insistência, mas tenho certeza que ele perdeu muitos lances das partidas por minha causa. Eu ficava num sobe desce nas arquibancadas que de velhas ofereciam risco, enquanto isso o papai já estava torcendo para que a partida terminasse.

Bom mesmo era lembrar o prazer que sentia em fazer-lhe companhia e o orgulho de estar com ele em público. Uma pessoa tão conhecida e respeitada como ele sempre foi por todos da cidade.

luiz peixoto
Enviado por luiz peixoto em 11/11/2005
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