A vassoura (trovas)

 

Jamais fugi do perigo

E não será hoje que vou correr

Eu aceito a sua provação

Pode bater pra valer

Mas esqueça a vassoura

Ela é feita pra varrer

E não vai ser deste jeito

Que tu vais me vencer

 

*Eu não falo em te vencer

Vou te bater de mão

A vassoura custa caro

 É feita pra varrer o chão

Não, esta cara deslavada

Pra ela eu tenho sabão

Que custa mais barato

Porque é feita do cão

 

Eu não conheço este cão

O que conheço está morrendo

E só osso e muita pelanca

Até o pelo está perdendo

Já não ladra mais, só assopra

O coitado vive lambendo

A sola do teu chinelo

O que lambe tu está sabendo.

 

*O que é que estou sabendo

Que ainda não entendi

Se tu e macho de verdade

Faça o favor de repeti

Ante que solte a fera

Que tenho pra cima de ti

Tu vai rolar morro abaixo

E eu vou morrer de ri.

 

Até podes morrer de ri

Isso é fácil de acontecer

É só te olhar no espelho

Lá não tens nada pra ver

Alem do risco e o cheiro

Que vai te fazer correr.

A procura de um buraco

Para que possa se esconder.

 

*Tu pensas que vou me esconder

É ai que tu te engana

Pois quando chegar a noite

Sou eu quem aquece tua cama

Vives me chamando de querida

Dizendo a todos que me ama

Propaganda falsa eu garanto

Pois é pequena a tua chama.

 

É pequena a minha chama

Tu sabes que não é verdade

Quando estou longe, me chama

E diz que está com saudade

Que precisa do meu afago

Satisfaço teu desejo, tua ansiedade

Pois o que tu sentes e só desejo

O resto e pura vaidade.

 

*Que historia e esta de vaidade

Tu sabes que não é assim

És tu que vives em minha volta

E jamais desgruda de mim

 É pior que um carrapato

Vive me perseguindo sim

Aonde vou, tu vais atrás

E o tuas lagrimas e sem fim

 

Minhas lagrimas e sem fim

Eta, mulherzinha convencida

E tu quem vive correndo atrás

Não passas de uma oferecida

Nem seu namorado eu sou

Vê-se te liga sua exibida

Preguem-me na cruz se um dia

Eu te chamei de querida

 

*Quantas vezes fui tua querida

Já estou perdendo a linha

Vai ser de vassoura que hoje

Que tu apanha seu galinha

Cuspir no terreiro onde ciscou

E coisa de gentinha

Porque é que tu não te mandas

E me deixa aqui sozinha

 

 

Bobo eu, te deixar sozinha

Isto eu jamais vou fazer

Podes brigar, falar mal.

Com a vassoura me bater

Mas eu não te deixo

Não sou covarde pra correr

Se, estou aqui e porque sabia.

Aonde eu ia me meter

 

*Se sabia aonde ias te meter

Não te pedi pra ficar

Ficou porque tu quiseste

Por isso não adianta chorar

Porque quem entra no fogo

No fogo vai se queimar

E o mesmo que entrar na igreja

Ajoelhou tem que rezar.

 

Não entro na igreja não sei rezar

Mas a coisa que me intriga

É que ainda não sei o motivo

E porque começamos esta briga

Será que podes dizer porque

Se souberes então me diga

Pra que eu não fique pensando

Que te amo e tu não liga.

 

*Que te amo e tu não liga

Eu também não sei porque

 Começou toda esta briga

Não sei se foi eu ou foi você

Só uma coisa ainda me intriga

Porque tinhas que dizer

Que sou, só risco e cheiro

Não precisavas me ofender

 

Eu não quis te ofender

Tu és a mulher que amo

Se quiseres eu caso agora

Pra que esperar o fim do ano

Se estamos juntos agora

porque estamos brigando

Tenho uma casa vazia

E uma cama te esperando

 

 

*Uma cama me esperando

Até que enfim tu entendeu

Me espere eu já estou indo

Pois aceito o convite teu

Deixo aqui a vassoura

Que um dia meu pai me deu

Pra eu te manter na linha

Mas finalmente tu me venceu.

 

Não se de por vencida

Pois ninguém venceu a ninguém

Quando o amor está por perto

É ele quem se da bem

Tu não foi vencida

Eu não fui vencido também

Leve a vassoura contigo

Que lá em casa não tem.

 

Balneário dos Prazeres: 25 / 01 /2008

 

 

*Marisol Jimenes