NENÉM E O GAVIÃO MALVADO

O QUINTAL DA VOVÓ

No quintal da casa de vovó Creuza, havia um jardim muito lindo. Nele existia muitas plantas de flores coloridas: roseiras, lírios, cravos, girassóis, narcisos, veludos, boas-noites e orquídeas. Como também árvores frutíferas: duas mangueiras, um coqueiro e bananeiras.

Esse pequeno jardim parecia um paraíso criado por Deus para tornar os pássaros e os insetos felizes. O jardim era visitado por beija-flores, rolinhas, papas-capim, bem-te-vis, abelhas, cigarras, lagartas e borboletas multicoloridas. Os passarinhos eram muito felizes, pois viviam cantando, bebendo e comendo o dia todo. Uns faziam ninhos nas mangueiras e criavam os seus filhotes, que cresciam fortes e sadios.

Vovó colocava água açucarada nos bebedouros de beija-flores pendurados nas mangueiras, para eles se alimentarem. Os bebedouros lindos, de bom tamanhos, coloridos e enfeitados com flores de plásticos. Para os outros pássaros, vovó colocava em pratos separados, milhos pisado, ração de passarinho, arroz cozido, frutas e água.

A vovó cuidava bem das suas plantas e dos passarinhos. Ela amava muito o seu jardim. O banquete posto pela vovó para os pássaros, era transformado pela passarinhada em festa com belos cânticos.

DUQUE

Duque era um cachorrinho branco, obediente, bonito, inteligente, da raça poodle, de boa índole, muito esperto, guardião do jardim da vovó e defensor dos passarinhos. Quando aparecia algum gato malvado ou rato, no jardim, ele latia para que não pegasse nenhum passarinho e os expulsava do quintal. Se acontecesse algum filhote cair do ninho, ele o protegia colocando a sua patinha de leve sobre o bichinho, latindo bem alto e depois grunhia, avisando a vovó que algum bebe passarinho tinha caído do ninho. Vovó aparecia e providenciava logo colocar o filhote no ninho.

Todos os dias pela manhã, no quintal, esse cãozinho tinha o habito de deitar-se no chão, com a barriga para cima, a fim de tomar seu favorito banho de sol. Ele ficava deitado horas e horas sem se mexer. Então, os bem-te-vis pousavam na sua barriga e ficavam bicando e puxando carinhosamente o seu belo pêlo branco. Ele demonstrava uma cara de tanta felicidade que sua boca ficava aberta com a língua de fora.

Pelo seu jeito de ser, Duque era um cão muito amado pelas crianças, por seus donos e pelos animais.

LINO E LILI

Lino e Lili eram um casal de bem-te-vis, graúdos, bonitos, fortes e valentes. Eles tinham um canto muito interessante, e, dedicavam-se a maior parte da sua vida a criação de seus dois filhos: Fifiu e Neném. Quando Lino saía do ninho a busca de comida, Lili ficava tomando conta dos seus filhotes e assim eles se revezavam, para que os bebes passarinhos nunca ficassem sozinhos.

Todos os dias pela manhã, o casal de bem-te-vis, separadamente, visitava o belo cão que estava tomando o seu banho de sol matinal, de barriga para cima. Papai e mamãe passarinho brincavam com o cachorro puxando os pêlos brancos da sua barriga com os seus bicos pontiagudos. O casal fizera um ninho grande, entre as folhagens verdes da mangueira, na galha mais baixa da árvore e tiveram dois filhotinhos saudáveis. As crianças que conheceram os filhotes gostaram de visitá-los, pois perceberam que eram lindos e possuíam um canto bastante harmonioso, batizando-os de: Neném e Fifiu.

FIFIU

Fifiu um filhotinho magro, de olhar brilhante e esperto, desde pequenino destacava-se por ter um canto alto e melódico, chamando a atenção das crianças para vê-lo com o irmão no ninho ao lado do seu irmão. Não se importava com a presença de pessoas, pois começava a cantar bem alto, com o peitoril espigado pra frente, mostrando seu potencial energético bem assim: Fiu! Fitifiu! Fiu! Fitifiu! Isso era pedindo socorro para os seus pais, batendo as asinhas cheias de penugens, demonstrando vontade de voar. Fifiu era muito desconfiado e sendo um dos filhotes mais velho de Lino e Lili, amava a liberdade e queria ser livre. Por causa do seu canto, as crianças passaram a chamá-lo de Fifiu.

Em pouco tempo, Fifiu foi conseguindo realizar o seu grande sonho de voar, cresceu forte, bonito e com penas parecidas a do papai. Chegando a primavera, numa manhã ensolarada de domingo, bem cedinho; acordou cantando alegre e satisfeito a voar entre as borboletas multicoloridas e toda a passarinhada. Seus pais a que assistiam essa cena tão linda, sentiram-se orgulhosos e começaram a estridular felizes.

NENÉM

Neném o filhote caçula de Lino e Lili. Ele era muito gordo, cabeçudo, guloso, todo pelado, não tinha penugem como o seu irmão. Os seus olhos eram graúdos e sua pele bem vermelha. Ele era muito grande para a sua idade. Os seus pais tinham o maior carinho e cuidado com o seu bebe passarinho. A sua mania era pedir comida toda hora. Às vezes quando comia com gulodice se engasgava. Só não gritava quando estava comendo. Quando uns de seus pais saiam a busca de comida para alimenta-lo, ele gritava: Nêmm! Nêmm! Nêmm! E só parava de cantar quando a comida chegava. Por causa de seus gritos as crianças passaram a lhe chamar de Neném.

Os dias se passaram e sempre Neném apresentava comportamento de dependência. Pedia comida a todo o momento aos seus pais, não tentava voar, assim por ser tão dengoso e medroso tinha toda a proteção de Lino e Lili; por mostrar essa fragilidade. Quê passarinho engraçado!!!

A REVOLTA DOS PASSARINHOS

Em um dia de sexta-feira, numa manhã ensolarada, apareceu um casal de gavião sobrevoando, silenciosamente, em círculos bem alto no quintal de Vovó, enquanto isso, um bando de rolinhas beliscava em seus pratos prediletos de milhos quebrados, postos por vovó.

Naquele momento, Lili sem perceber a presença dos gaviões, desceu para beber água, deixando Neném sozinho assobiando bem alto. O canto do bebe passarinho, despertou a atenção do gavião malvado que desceu com muita velocidade até o ninho pegando Neném com suas enormes garras. Daí começou a voar, a voar, a voar. O filhote sentindo que iria ficar longe de seus pais, começou a assobiar bem alto assim: Nhém! Menhém! Nhém! Nenhém!

Ouvindo esse canto de pássaro foi um susto! Para os pais e toda a passarada. Duque começou a latir forte e vovó assustada com tanto barulho no quintal foi logo ver o que estava acontecendo.

Mamãe e papai pássaro, vendo o seu bebezinho indo embora, pediu ajuda a todos os passarinhos que se encontravam no quintal e começaram a perseguir o gavião malvado. O malvado com Neném em suas garras subia e descia rodeado por uma nuvem de passarinhos, enquanto Lili de um lado e Lino do outro bicavam a cabeça e o pescoço do malvado. O gavião machucado não suportando mais a perseguição dos pássaros soltou Neném que logo caiu sobre uma das galhas da mangueira.

Que alegria para todos os pássaros e Duque; Neném voltou ao Ninho! Aprendeu uma coisa, deixou de assobiar o dia todo por comida, crescendo e tornando-se um pássaro saudável, lindo e feliz.

EVERALDO CERQUEIRA
Enviado por EVERALDO CERQUEIRA em 10/04/2009
Reeditado em 31/05/2009
Código do texto: T1531831