O PEQUENO CAMINHEIRO (Parte VI)

...E, de volta á fonte, lavou o rosto com a água fria,

Tirou a camisa e lavou as axilas quando ouviu:

- Que você ta fazendo criança?

- Quem falou?

- Eu...

- Eu quem, fala logo?

- Você está impaciente menino...sou eu, a água...

- Água!!! e deu um salto para traz.

- Volte, banhe-se, desfrute de mim, mato tua sede, banho teu corpo com minha frescura, eu sou a tua vida, tu podes viver por vários dias sem comer nada, mas, não pode ficar sem mim, se não me tomar pelo menos dois litros e meio todos os dias, teus órgãos silenciam e tu há de morrer.

- Verdade!! Indagou o pequeno espantado.

- É verdade, se todo mundo ingerisse essa quantidade de água todos os dias, os rins agradeceriam e todo corpo feliz ficaria.

- Então vou beber água toda hora.

Riu a fonte e silenciou.

Olhou para traz e viu seus companheiros quase morrendo de tanto beberem água.

- Calma ai gente, tem que beber água pra não morrer e se continuarem assim voces morrerão de tanto beberem água!

Em coro responderam:

- Ta bom...ta bom....não temos mais sede.

Nesse momento o menino vestiu a camisa e falou para os amigos:

- Vamos embora? Já dormimos, já tomamos água, já tomamos banho...vamos em frente que o Sol está quente.

E seguiram pela trilha rumo ao Sol.

A tartaruga estava mais lenta naquele dia, o bicho preguiça então, nem se fala, a única esperta era a cobra que em zig e zag tentava acompanhar o perqueno caminheiro. A borboleta cortava o céu pra lá e pra ca, o Urubu sentiu cheiro de comida e logo gritou:

- Ei...olha lá meus parentes, tem comida ali.

- É mas nós não vamos lá não, credo, que cheiro horrivel...o que será?

- Que nada gente, vamos lá sim, vamos ver o que será, tapemos os narizes...

O Urubu olhou para o céu e relatou:

- Estao vendo aquele lá, é o Urubu Rei de pescoço pelado, é ele quem abre o caminho. A gente não enxerga muito, e quando encontramos comida, marcamos o território, voamos em circulo da carniça, ou ficamos nos moirões de cerca esperando por ele. E quando ele chega, ele quem enxerga tudo e tem o bico mais forte e afiado, se a carcaça é dura, ele quem rompe com o bico para que nós possamos continuar.

- Interessante disse o pequeno, eu não sabia disso.

- Nem eu, disse a cobra,

- Nem eu, disse a borboleta,

- Muito menos eu, disse a tartaruga.

- E eu então, nem sonhava disse o bicho preguiça.

- OLha lá disse o menino, é uma anta...tadinha.

Estavam á beira da estrada e viram que ela fora atropelada.

- É uma anta mesmo, retrucou o Urubu, onde já se viu atravessar a estrada assim. Vamos denunciar ao IBAMA.

- Que nada, o IBAMA não vai fazer nada, estamos na estrada, no meio do do mato, eles não tem interesse politico nisso. Bobeira..

- É mas se a gente não botar o bico" no mundo ninguém vai fazer nada mesmo e todo dia vai morrer nossos amigos na estrada. Hoje é a anta, amanhã o veado, depois...

- Cala a boca, disse a tartaruga, isso está me irritando...

- Não se irrite..não se irrite tartaruga, disse o cavalo.

- Está bem, está bem...vou me acalmar.

- Está calminha agora está...disse a borboleta.

- Agora tô...resmungou a tartaruga.

O Urubu falou:

Outro dia meu irmão estava voando ali na frente, perto do aeroporto, e foi colhido por uma turbina do avião, sabe o que aconteceu?

Meu irmão morreu sugado e o avião caiu, morreram o piloto e o dono do avião.

- Nossa, disse o menino, imagina se fosse um avião da TAM, cheio de gente? Teria morrido muito mais.

- É que aqui perto tem um lixão, e toda minha familia vai pra lá, a prefeitura joga o lixo a céu aberto e nós vivemos do lixo, ai não tem jeito, avião com urubu não combina. Enquanto os responsáveis por isso não tomarem jeito, cuidarem melhor da natureza e depositar os resíduos urbanos onde tem que colocar, vai continuar morrendo gente e Urubu. Falou o Urubu.

- È verdade, falta muita vontade politica e os politicos improbos não estão nem ai com a sociedade onde vivem.

- Credo, que horrivel, ainda bem que voamos baixo. falou a borboleta.

Ficaram ali por alguns minutos, rezaram uma prece pela vida morta e continuaram sua estrada.

- Em marcha, gritou o cavalo.

- Eu vou..eu vou..pra casa agora eu vou...cantava a tartaruga.

- Cala a boca sua cascuda, falou a cobra.

- Não me ofende não, sua cobra venenosa...

- re..re..re... to morrendo de meda, falou a cobra.

- Voces querem calar a boca, resmungou o Urubu.

- Ô seu Urubu, voce vai tomando no c...onta do caminho, vai vendo ai de cima como está a trilha e fica na sua... falou o cavalo.

-Óhhhhhhh a mão no fucinho heim!

- Ka..ka..ka.. que meda!

- Vamos parar ali pra pedir comida, disse o menino.

- Vamos..gritaram em coro.

Toc...toc..toc...

- Tem gente em casa, chamou o menino.

Saiu uma criança correndo e viu aquele bando ali e correu mais ainda...

- Pai..pai..pai..corre aqui, abriram a porteira do mundo...

- Calma filha, que foi?

- Olha lá...

Olhando a turma o pai acalmou-a.

- Fica tranquila filha, são amigos, já estiveram aqui outra vez.

- Eba..eba..eba...eu quero um pra mim. Gritou a menina.

- ô querida, está cheio de animais, esquece que moramos na fazenda?

- Verdade pai...

Foram ao encontro da turma e convidaram para entrar, sentaram-se, e ali ficaram horas papeando, até a noitinha chegar.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 25/02/2011
Reeditado em 25/02/2011
Código do texto: T2813956
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