LENHA NA FLORESTA

- Tenho que buscar lenha, querida esposa, não demoro. Não saia! Dizem que há um lobo por aí. Tranca a porta bem trancada, não abra para ninguém. Estamos distante de tudo. Olha, dizem que o lobo está sempre perto.

- Não! A minha bisavó dizia que o lobo sentia cheiro onde estivesse. Não contaram a você a história?

- Não. Mas tenho que ir. Tchau, princesinha! Não demoro.

Passaram-se meses e ele não voltou. O que será que aconteceu?

- Mãezinha, papai está voltando?

- Sim, filhinha. Papai está chegando. Venha esperar o papai.

Enquanto ele não chega, vou mostrar a você o que papai fez para nós.

- Está bem, mãezinha.

- A floresta é muito grande, acho que o seu pai vai se perder!

- Não, mãezinha, papai já vem.

- Sim, filhinha, durma um pouquinho... (o que vou falar para ela, se ainda pensa que o seu pai esta voltando?! Ela é tão pequenina! Vou esperar mais um pouco. Ele e muito esperto para o lobo comê-lo).

Passaram-se meses e ele não voltou.

- Filhinha, tenho que falar uma coisa para você.

- Sim, mãezinha.

- O lobo comeu seu pai.

- Não, mãezinha, não existe lobo, a senhora está imaginando coisas, está com febre... Há meses, só comemos frutinha, não temos lenha, estamos com frio!

- É filhinha... não existe lobo mesmo. Vou buscar lenha antes da neve.

- Não, mãezinha, espera o papai.

- Não, filhinha, tenho que ir. Não abra a porta para ninguém, eu já volto.

- Mãezinha, a senhora está com febre?

- Já passou. Seu pai pode estar precisando de nós. Já volto.

Passarem-se meses e seus pais não voltaram.

- Oh, mãezinha, não demore, estou com medo, venha logo, não me deixe sozinha, estou sentido um cheiro muito estranho. Disse à mãezinha que o lobo sente o cheiro de longe. Por que será que a mãezinha está demorando tanto? Estou sentindo uma coisa muito estranha, uma coisa muito ruim vai acontecer. Está escurecendo, papai e mamãe que não chegaram.

Já escureceu! Como está escuro! O sol apareceu e se foi embora, ficou dia, agora é noite, maus pais não vieram... Nossa! Como estou faminta. Estou com muita fome, comerei tudo o que vier pela frente.

- Oh, mãezinha, não demore. Que será esse cheiro? É o meu jantar?

Dizem o s antepassados que o lobos têm sorte.

Será verdade?

- Olha! E uma cabana, a porta esta fechada, tenho que bater.

Pou, pou, pou.

- Quem é?

- Sou eu.

- Quem?

- Um amiguinho seu.

- Não tenho amiguinho.

- Sim, tem.

- Não tenho.

- Tenho que pensar. Sim, lembrei-me do homem que comi. Não tem amiguinho, enato tem mamãe e papai. Vou dar uma volta, ao anoitecer eu volto.

- Já anoiteceu, vou papar aquela menina.

Pou, pou, pou.

- Quem é?

- Sou eu.

- Quem?

- O papai, doçura.

- Não é.

- Sim, doçura do papai.

- Não é.

- Sim, abra a porta para o papai entrar.

- O papai não me chama assim. Só de princesinha.

- Ta bom. Princesinha abra a porta.

- Papai não fala assim.

- Ó, doçura, abra a porta.

- Não, papai nunca me chamou de doçura.

- Ta bom, princesinha, abra a porta, para o seu pai entrar.

Não.

- Estou ficando furioso, mas eu não desisto. Vou dar uma volta pela floresta, depois voltarei.

- Mãezinha e papai não vêm, eu tive um sonho que o lobo me comeu, e agora estou sozinha, sem ninguém comigo.

- Lá está a cabana da menina.

Pou, pou, pou.

- Que é?

- Sou eu.

- Quem.

- O papai.

- De novo, lobo.

- Não princesinha, é o papai.

- Não, lobo, vai embora.

- Não, princesa, é o papai.

- Não vou abrir a porta.

- Esta menina pensa que é esperta. Ela que me aguarde. Estou furioso. Tenho que pensar.

- Sim. Lembrei-me da loba, vou buscá-la na floresta.

- Não posso chorar, sinto que uma coisa ruim vai acontecer.

Pou, pou, pou.

- Quem é?

- Sou eu, princesinha, abra a porta.

- Não abro.

- Princesinha, abra a porta para mamãe.

- Não. Minha mãezinha não me chama assim, só de filhinha, só o papai me chama de princesinha.

- Filhinha, estou doente.

- É. Mãezinha estava com febre. O buraquinho que mãezinha me mostrou, está na parede, dando para ver tudo lá fora.

- Nossa! São lobos, eles são feios e cabeludos.

Pou, pou, pou.

- Não, não, não vou embora.

- Abre aporta, senão vamos arrombar esta porta.

- Não, não, não.

- Eu vou empurrar só com um dedo esta porta.

- Somos os caçadores de lobos, somos os caçadores de lobos...

- Que isso? São os caçadores de lobos, vamos fugir.

- Que barulho é esse?

- Somos os caçadores de lobos...

- Eles estão cantando, vieram me salvar.

- Vamos salvar as meninas dos lobos.

- São os grupos de caçadores. Olha! Dois deles são meus pais.

E os três foram felizes para sempre.