Violeta Buscapé

VIOLETA BUSCAPÉ

Miguel Carqueija



O meu nome é Violeta,
da família Buscapé:
visto o que dá na veneta,
não uso nada no pé.

Meu marido é o Ferdinando
que, meu Deus, é tão bobinho:
mas eu vivo a ele amando,
afinal é o meu gatinho.


Ele é grande, belo e forte,
e me trata com carinho;
é o meu amor, o meu norte,
junto com nosso filhinho.

Há quem fale bem de mim,
que eu sou loura e muito bela,
que o Ferdinando enfim
fez bem em casar com ela!

Em Brejo Seco eu me dou
bem com tudo o que é gente;
mas reconheço, não sou
mulher muito inteligente!

É descalça que eu caminho
no mundo com os meus amores;
só nós três em nosso ninho
a vida é feita de flores.

Não me olhem só a perna
e meu rosto deslumbrante;
beleza não é eterna
a passa até num instante.

Olhem também pra minh’alma
que ama e quer ser amada;
é isto que nos traz calma,
e eu sou privilegiada.




Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2014.


Nota: a família Buscapé original (Lil Abner (o Ferdinando), Violeta, Xulipa e outros) foi criada em 1934 pelo desenhista norte-americano Al Capp, que desenhou suas histórias até se aposentar na década de 1970. Ninguém mais assumiu a franquia.
Violeta (Daisy Mae) é uma caipira montanhesa, de aparência e trajes muito sensuais porém honesta e inocente, totalmente devotada ao seu marido Ferdinando, um rapaz enorme mas de comportamento quase infantil, a quem ela facilmente dirige.
Imagem do google (capa da revista): Violeta, Ferdinando e um "ximú", animal fantástico que só existe em Brejo Seco.
.......................................


Eita Violeta danada
mor de mandá no Fernandinho,
mas é moça muito dereita
que sabe o mió caminho.

(interação de Agnes Waterhouse)