(28/40) É arte que não acaba mais

Na varanda da fazenda “Amor-perfeito”, Alice e Ari descansavam na rede e conversavam a respeito do marasmo da Allegrartte.
        - Ari eu estou achando a Allegrartte muito sem vida. Já faz algum tempo que os alunos não produzem nada de interessante. Precisamos dar uma sacudida. Eles estão sem criatividade, sem ânimo. Estive vendo o trabalho de alguns e só tinha ovelhas. Ovelha no bordado, ovelha na pintura, na escultura, na música. Péra aí!... O propósito não foi esse, está uma verdadeira saturação de ovelhas, aqui não é o “point” das ovelhas.
         - Convoque uma reunião com todos para lançar uma Semana de Arte ALLEGRARTTE. Podemos até instituir prêmios para estimular a criatividade. - sugere Ari para Alice.
         - É pra já! - vai logo tomando as providências.
Todos reunidos no salão, Alice começa expondo o que deseja.
         - Pessoal, o que está acontecendo com a criatividade de vocês? Só vejo no trabalho de vocês: ovelha, ovelha, ovelha... Dá um tempo. Assim ninguém vai querer ver nem comprar nada da Allegrartte.
         - Sabe o que é Alice? Todos nós estamos com problemas financeiros, se as aulas fossem pagas nem estaríamos aqui. O material para qualquer curso de arte é muito caro...
          - Quero fazer um negócio com vocês. Vocês não são artistas? Artista faz arte de qualquer coisa. Reciclem. Inventem. Acrescentem. Não se deixem abater pela falta de recursos, mas se vocês precisarem de algo, podem procurar na loja da minha amiga Geórgia Americana. Vou abrir uma conta em nome da Allegrartte. Com a minha autorização, vocês poderão pegar o necessário. Eu quero é produção. Vamos fazer a Semana de Arte ALLEGRARTTE. Vocês vão apresentar trabalhos inéditos, poderão vendê-los e concorrerão a prêmios. Como o desejo de todo artista, serão conhecidos.
Na loja de departamento da Geórgia Americana o movimento é intenso. Os artistas da Allegrartte invadiram logo pela manhã, à cata de materiais para os trabalhos. Nunca se vendeu tanto pincel, tinta, papel higiênico, cola, espuma, lápis, sabão... Sabão?! Fazendo Geórgia feliz da vida, a ponto de ligar para Alice e agradecer a preferência.
            - Querida, o que você está aprontando? Seus artistas estão tão radiantes fazendo compras. Tem alguma coisa por de trás disso que você não me contou?
            - Geórgia, depois eu conto. Vai vendendo, vai.
Nisso, Lolla continua cismada com o sumiço de seu casaco.
            - Lollita pense bem, quando foi a última vez que você usou o casaco?
            - Ah! Já sei! Quando fui dar cria. Era de madrugada e estava todo mundo a minha volta. Que eu me lembre foi a última vez que eu vi.
            - IH! A fazenda inteira estava aqui, danou-se. - comenta Rod.
            - A investigação vai ser mais difícil do que pensávamos. - diz Beto, o carneiro ao amigo Rod.
            - Beto me diz uma coisa, você sabe de alguém que tivesse interesse no casaco de Lolla?
            - E, Rod, uma vez ouvi.., Ah! mas não pode ser. Não!
            - Você sabe de alguma coisa?
            - Só pensei em voz alta.
A Allegrartte em polvorosa, em plena atividade de criação, chama atenção da Lolô, que ao ouvir aquele belo canto lírico, se aproxima da onde está se fazendo aula e começa a imitar a professora Carmela que está executando “Concerto para uma só voz”. A professora ouve aquilo e procura de onde vem o som. Aproxima-se da janela, e surpresa vê a ovelha Lolô cantarolando.
          - Incrível! Uma ovelha cantando. Venha fazer um teste de voz comigo.
          - É.. .Mesmo!... Você acha que é possível? - pergunta Lolô engasgada pela emoção.
Após a aula, passa quase o tempo todo fazendo exercício de voz. Chegando ao ponto das outras ovelhas questionarem:
          - O que será que está acontecendo com ela? Será que ela está passando bem?
          - Ela canta legal, eu gostei. - diz Cida para Beto, o carneiro. Só falta agora depois disso tudo, ela querer gravar um CD!


Continua amanhã...