Historinha Para a Horinha de Dormir

Havia nas terras de faz de conta um lindo reino, cujo rei era um homem muito justo e bondoso.

Casado a pouco tempo, sua esposa estava grávida do primeiro filho digo: primeira filha, que veio a nascer num belo dia de verão. Vitória esse foi o nome escolhido para a princesinha. Era uma menininha de olhos claros azuis e cabelos louros como uma cascata de ouro.

Antes do nascimento de Vitória o rei e a rainha mandaram preparar um lindo e decorado quarto de frente para o bosque, amplo e muito bem ventilado, de onde se via toda exuberância de floresta. No centro do quarto um lindo lustre de cristal protegido por uma linda bandeja colorida e de formato oval. As paredes todas decoradas com bichinhos coloridos pintados pelos artistas da corte os quais pareciam ter vida.

Desde o dia do nascimento da princesa, o rei todas as noites contava historias em tom de cantigas de ninar acompanhado pelo flautista do reino com as quais a menininha desde logo se acostumou.

Vitória foi crescendo embalada por música. Certo dia de primavera , um lindo passarinho entrou no seu quarto e foi direto para a bandeja que protegia o lustre. Foi de um lado para o outro varias vezes fazendo uma completa inspeção e depois vôo de volta para a mata sob o olhar encantado da princesinha.

No dia seguinte, logo cedo, assim que os criados abriram a janela do quarto, o passarinho voltou tornou a visitar o lustre e novamente foi embora ignorando a alegria que provocava na menina, que a esse tempo já ensaiava os primeiros passos.

Pouco tempo depois o passarinho voltou, desta vez acompanhado de outro passarinho. Juntos vistoriaram a bandeja do lustre, e saíram. Não tardou e já eles estavam de volta, agora carregando no bico pequenos gravetos e talos de capim seco, tudo sob o olhar atento e alegre da princesinha. Era um vai e vem constante, aplaudidos com pulinhos de alegria pela mocinha.

O trabalho das avizinhas só parou quando o sol começou a se por. Exaustos e alegres, ali mesmo na bandeja do lustre eles se aninharam para dormir, certos de que estavam em companhia de amigos e em segurança.

À noite quando o rei começou a cantarolar suas modinhas acompanhado pelo flautista, eis que os passarinhos despertaram e se puseram a fazer coro junto com o rei. Vitória entrou em delírio pulando, cantando e fazendo uma verdadeira festa.

Por sua vez o rei ficou maravilhado com aqueles seus hospedes. Daquele dia em diante, todas as noite tinha concerto no quarto da princesa.

Logo, o quarto ficou cheio de espectadores, a rainha, os ministros e os criados por concessão do soberano, invadiram o quarto para se deliciarem com o musical.

Algum tempo depois, nova surpresa para todos: nasceram os filhotes dos passarinhos, que logo se incorporaram ao coro tornando as noites do quarto da princesa uma festa continua.

O rei para agradar seus estimados hospedes mandou que todos os dias fosse colocado comida de passarinhos no jardim do palácio para que ficasse mais fácil dos papais alimentarem seu filhotes.

Um dia já com seus filhotes crescidos e ensaiando os primeiros vôos, todos ficaram apreensivos com a suspeitas de que logo eles partiriam dali e o quarto da princesa deixaria de ser festivo, o que era suspeita virou fato, todos bateram asas e se foram, porém, quando menos se esperava, lá estava um deles no portal da janela cantarolando para Vitória.

Na primavera seguinte, e nas demais, lá estavam eles de volta para procriarem seus filhotes. E já não eram mais um casal, seus filhotes também vieram fazer ninhos no quarto alegre da princesa Vitória que se criou embalada pelos cantos de seus amiguinhos. Desse modo o palácio nunca conheceu tristeza.

Foi sempre um reino encantado e alegre.