Em busca da cor

Pedrinho passava horas admirando as flores na estufa de seu pai. Com seus quase oito anos, muito curioso, certo dia enquanto seu pai preparava um vaso para mais uma muda de rosas, exclamou:
_ Ah, como são lindas essas flores, quantas cores! Tá vendo papai? Não tem nenhuma flor preta, é uma cor tão feia que nem as flores quiseram.
_ Ora filho não fale assim. A cor preta é como outra qualquer. Tem o seu lugar, e tem quem as prefira. Sabe filho, as cores não existem.
_ Como não existem? Elas estão ai, eu estou vendo!
_ Não filho, você não está vendo a cor, você está vendo as flores.
A noite chegou, e por sinal era uma noite sem lua, sem estrelas, um anúncio de temporal. O pai aproveitou para mostrar ao filho que as cores não existiam realmente.
Apagou as luzes de casa e chamou seu filho para ir até a  estufa.
Já dentro da estufa, seu Osvaldo tratou de apagar as luzes também.
Dai pediu ao filho:
_ Filho, pegue uma flor para mim. Ah, mas tem que ser uma vermelha.
_ Pai, eu não consigo enxergar a cor das flores.
_ Está vendo filho, você consegue tocar na flor, na cor não. Todas as cores pertencem à luz. Se a luz nunca mais voltar, nunca mais teremos cor. Por isso ela não existe. E a cor que você achava feia, é a que iríamos conviver se nunca mais a luz voltasse.
_ Agora eu te pergunto filho, no escuro você saberia identificar quem é branco ou negro apenas com o toque das mãos? Será que é preciso viver na escuridão, pra que a gente entenda que todos nós somos iguais?
                  
 
 
 
 

 
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 15/12/2017
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