O Invasor

O invasor

Pedrita brincava sossegadamente em seu quarto. Afinal, já terminara o dever de casa e como ninguém é de ferro, era hora de brincar!

- Pedrita, vou à padaria e já volto! – avisa a mãe.

- Está bem mamãe! – e voltou a brincar.

Estava sozinha em casa. Os irmãos mais velhos tinham ido para a escola. O padrasto estava no serviço. Então, tinha a casa todinha para ela!

- Oba! Toda minha! A casa todinha para mim, até mamãe voltar! – gritando ela sai correndo dançando como uma bailarina.

Pedrita adorava brincar de que era uma bailarina. Era um de seus milhares de sonhos de quando crescesse.

Entrou no quarto da irmã e brincou com suas bonecas, brincou com os carrinhos de corrida do irmão do meio. Brincou de salão de beleza com as bonecas da irmã mais velha. E agora, em seu quarto, brincava de Popstar, ela cantava e suas bonecas eram o jurado.

Estava tão concentrada na música que cantava, que nem percebeu um barulho que começou bem baixinho e que ia aos poucos aumentando e se aproximando do quarto dela. Quando ela termina de cantar a música, finalmente escuta o barulho. Pareciam barulhos de correntes arrastando pelo chão.

Assustada ela fala:

- Mamãe? É você? – e nada de ninguém responder.

O barulho não parava e cada vez mais se aproximava do quarto dela.

- Quem está aí? – ela grita sentando no chão com uma boneca no colo.

Nada! Ninguém respondia e o barulho chegando mais perto ainda.

Ela se levanta correndo, larga a boneca no chão e vai para o quarto da mãe. Quando ela entra no quarto, um chiado estranho ecoa pela casa inteira. O coração de Pedrita parecia querer sair pela boca.

Parecia que o bicho, ou seja lá o que fosse, parecia saber onde ela estava sempre e o barulho cada vez mais perto. Ela imaginou um fantasma enorme, acorrentado a uma corrente e vinha atrás dela, que nem nos filmes de terror.

Será que seria isso? Ela então imagina um enorme lobo mau, com os dentes de fora, como na história da Chapeuzinho Vermelho. Ele vinha para devorá-la.

- Não pode ser! É só uma história! Mas, e se for aquele morcego gigante que entrou pelo meu quarto esses dias e eu taquei a vassoura nele?

Ela fecha então a porta. Podia ouvir a coisa se arrastando até ela.

- Mamãe?! Socorro! – ela grita e um grito estridente se ouve como resposta abafado do lado de fora do quarto que estava com a porta fechada. - O que é isso? – ela pergunta baixinho – Quem está aí? – ela grita novamente.

O barulho fica mais alto e forte. E ela logo deixa a imaginação voar mais alto! E imagina então um mostro horroroso que tinha olhos estranhos e braços e pernas que nunca vira igual. Só de imaginar isso, sente seu coração bater mais rápido ainda e a mãe que não chega para salvá-la...

- Mamãe? – grita apavorada – E se for aquele ratão enorme que meus irmãos disseram que só aparece à noite para comer o nariz das crianças que não escovam os dentes antes de dormir?

Nesse momento a porta treme com a pancada forte que dão nela. Parecia que a porta ia ser derrubada. Então ela se lembra do seu celular que estava no bolso e liga para sua mãe...

- Mamãe, socorroooo...

- O que houve filha? – a mãe se desespera.

- Tem alguém aqui em casa! E está tentando derrubar a porta do seu quarto onde estou trancada! Vem logo! – ela fala.

Da rua mesmo, a mãe liga para o marido que sai correndo do serviço para ir para casa.

A porta sofria mais e mais pancadas. Até que tudo se transforma em silêncio. Ela fica olhando para porta quase sem piscar e então vê a maçaneta se mexer e corre para debaixo da cama e fecha os olhos.

Um vento forte entra pela janela do quarto de sua mãe e uma risada ecoa pelo quarto adentro....

- É a bruxa! Só pode ser aquela bruxa horrorosa que vi naquele filme com o Rick! – diz quase chorando correndo para debaixo da cama.

Passos apressados entram no quarto e então ela escuta:

- Filha cadê você? – era a mãe que chegara para salvá-la.

Saindo debaixo da cama, ela corre para os braços da mãe.

- Cadê o monstro mamãe? Ele queria me devorar!

A mãe olha para a filha, a beija com carinho e a embala nos braços até ela ficar mais calma.

- Seu padrasto cuidou dele! Fique tranquila!

Nesse momento, Paulo, o padrasto entra no quarto com uma caixa nos braços.

- O que é isso? – ela pergunta curiosa.

- O seu monstro! – diz ele com um sorriso.

Ela se abraça de novo à mãe e pede para tirar o monstro de perto dela.

- Vamos filha, vamos ver quem é seu monstro! – a mãe sorrindo a fazer se aproximar da caixa.

Devagar ela levanta as bordas da caixa e....

- Mamãe e se for o duende malvado que poderá nos transforma em estatuas para sempre? O que vamos fazer mamãe? - e novamente abraça a mãe.

- Estamos aqui minha filha! – diz Paulo sorrindo e se aproximando mais dela com a caixa nas mãos.

Ela então volta a abrir a tampa da caixa bem devagar e dá um pulo quando a coisa pula para seu colo.

Ao ver que o tal monstro era a Pillar, sua gatinha de estimação, ela pergunta sem entender:

- Como assim? O que a Pollar está fazendo aí dentro?

- A caixa deve ter caído em cima dela e ela veio para você tirar dela!

Vendo que sua imaginação lhe pregara peças, ela começa a rir de si mesma e os pais riem com ela.

- Eita minha gatinha levada! Você me deu um baita susto! - ela abraça a gatinha e junto com os pais, vai para cozinha para lanchar.