Dona Baratinha levou a melhor

Atenção, muita atenção

Eu agora vou contar ...

Meninos e meninas

Ponham a mão no coração

Meninos e meninas

Pisquem um olho só

Meninos e meninas

Liguem a anteninha

Para ouvir melhor....

História de hoje: Dona Baratinha levou a melhor

Ninguém queria ser amiga dela, por isso vivia tão sozinha: rosto abatido, olhos abatidos, boca abatida e um andar superabatido!!!

Todos os dias, saia da última casa da rua, passava na rua inteira até o outro final, depois voltava. Ninguém perguntava nada nem ela respondia. Como as vizinhas já sabiam o que ela fazia, todas já colocavam seus lixos arrumados na frente das casas, ela passava arrecadando o que poderia ser aproveitado, chegava em casa, entrava e fechava portas e janelas.

Uma mulher cabisbaixa, mas de uma disposição para aquele trabalho. Todos os dias, a mesma ação.

Dona Baratinha, depois que não quis mais saber de casamento, perdeu a vaidade, o querer procurar noivos, mudou-se para aquela rua, comprou aquela casa e agora vivia ali.

Certo dia ela não veio, deu a hora e nada dela aparecer. No outro dia, ela não veio, deu aquela hora e nada dela aparecer. No dia seguinte depois dos dois dias que ela havia faltado, mais uma falta, nada da baratinha cabisbaixa aparecer.

A rua ficou um acúmulo de lixo. Algumas vizinhas mais exaltadas já iniciaram o falatório de já ter percebido a presença invasiva de ratos e moscas brigando pelos dejetos ali depositados. Em meio a tantos falatórios, abrindo a janela e já falando alto, Dona Formiga foi logo dizendo: "Gente, já pensou que algo deve ter acontecido de grave com ela?". O silêncio foi fatal. Nem mais um psiu se ouvia ali. Nem mais o zumbido das moscas.

Dona Cigarra, muito maquiada, de vassoura na mão, disse que não estava conseguindo cantar e varrer a casa com o falatório da vizinhança. Achava por bem alguém ir a casa da senhorinha para ver o que tinha acontecido de fato.

Foi aí que Dona Gafanhoto disse que uma pulga tinha dito a ela, que uma lendia havia escutado, que uma carrapato-correio tinha, muito cedo, batido à porta da senhora Dona Baratinha e tinha trazido para ela a carta de um barato apaixonado, doidinho para casar. Foi quando ela arrumou a mala mais ligeiro que o tempo, fez bela maquiagem, vestiu uma roupa tecida pela amiga aranha e saiu sem se despedir de ninguém para os lados das bandas de não sei onde para ser feliz com esse tal barato.

A casa está fechada, o serviço de coletar o lixo também. Segundo Dona Carrapato, Dona Baratinha só quer saber de sol, água de côco e tirar self com o seu amado e postar nas redes sociais.

As vizinhas não sabiam o que dizer. Daquele dia em diante, ninguém mais quis colocar lixo em frente das casa para não chamar os ratos e as moscas. Cada uma agora tinha de selecionar o lixo e esperar a coleta seletiva, enquanto Dona Baratinha se casava e buscava outro meio de vida.

Marcus Viniicus