Rudá e Flop

Em uma aldeiazinha, no meio da floresta amazônica, existia um pequeno índio muito inteligente, ele adorava animais, e estava sempre rodeado por eles. Seu nome era Rudá! Todos na aldeia eram admiradores de Rudá, isso porque ele espalhava sorrisos para todos, sem distinção. Ele cumprimentava até os bichos da floresta! E dizem que ele compreendia a linguagem dos animais. As pessoas o consideravam um índio de sorte, por ter nascido com o dom de entender a língua dos bichos.

_ Bom dia Rudá! – Tamanduá passou todo apressado.

_ Bom dia seu Tamanduá! Porque tanta pressa? Quando vem me visitar? – perguntou.

_ Daqui a alguns dias, quiçá! – respondeu o tamanduá, já tão longe que quase não se fazia mais escutar.

Mas o menino índio não se sentia totalmente realizado, porque algo ainda lhe faltava, algo que ele sonhava muito em ter. Rudá queria ganhar um cachorro de presente, mas na aldeia ninguém poderia lhe dar, porque ainda não haviam cachorros por lá.

Um dia Rudá chegou para sua mãe e perguntou?

_ Mamãe Jaci, eu queria muito um cachorrinho para mim de presente. Se eu pedir para Tupã ele me dá? – perguntou carinhosamente para sua mãe.

_ Ô meu pequeno Rudá, não incomode Tupã com um pedido desses! Ele é muito ocupado e está sempre fazendo coisas grandes por todos nós aqui da aldeia, e fora dela também! – respondeu Jaci.

_ Eu só queria ganhar um cachorrinho para brincar comigo... – Rudá ficou um pouco triste.

_ Rudá, vou pedir Ceuci para te ajudar. – disse a mãe do indiozinho, para que ele não ficasse mais triste.

O aniversário de Rudá seria a uma semana, e Jaci queria muito que seu indiozinho ganhasse um cachorro de presente. Foi então ao marido Guaraci e lhe pediu para fazer o que fosse preciso para realizar o sonho de Rudá. O marido concordou em fazer uma viagem para tentar encontrar um cachorrinho para seu filho.

Assim, Guaraci viajou, e andou muito longe, ele desbravou toda a região a procura de um filhote de cachorro para dar de presente ao seu filho. Depois de muito cansado, chegou numa casa singela, feita de taipa e coberta de palha. Bateu palmas, para que alguém viesse atendê-lo. Lá de dentro, a mulher viu pela janela, e disse ao marido:

_ É um índio! Mas o que será que ele quer? – olhou para o esposo com surpresa. O marido saiu e foi de encontro a Guaraci:

_ O senhor, quem é? – o homem perguntou para o índio com curiosidade.

_ Boa tarde seu moço! Eu me chamo Guaraci. Eu estou à procura de um presente para o meu filho, o índio Rudá, ele ainda é uma criança. Faz dias que estou em viagem procurando um filhote de cachorro para ele, e amanhã será o aniversário dele! O senhor por acaso não teria um filhote de cachorro? Podemos trocar por estes colares que eu mesmo fiz, são muito valiosos! - disse o índio, já cansado de tanto procurar um cachorro.

_ Ah, mas se é só isso que o senhor quer, venha cá, poderá escolher da ninhada da minha cadela Piaba. Ela pariu a um mês, tem tanto filhote! O senhor poderá levar uns três! Tem cachorro de toda cor, tem manchado, branquinho, e até amarelado! – disse o homem.

_ Vou querer somente um. E muito obrigado pela bondade. – disse Guaraci. Os dois foram até a ninhada e ele escolheu um macho, todo manchado.

Na aldeia Jaci esperava por Guaraci na frente da cabana, e quando viu o marido se aproximar, nem acreditou no que viu, era o presente de Rudá! Gritou pelo filho numa felicidade sem tamanho e sem media, era como se ela é que tivesse ganhando um presente! É que mãe é assim mesmo, fica feliz com as felicidade dos filhos. Jaci chamou por Rudá gritando alto, que toda a floresta ouviu:

_ RUDÁ! RUDÁAAA! – Jaci queria entregar logo o presente.

De repente, Rudá sai da floresta e entra no terreiro da aldeia acompanhado por vários bichos, muitos mesmo, parece que todos eles queriam ver o presente do amigo Rudá. E meio de todos eles, estava o Tamanduá!

Quando Rudá recebeu o cachorrinho nos braços, ficou muito emocionado, e chorou, olhava para ele sem acreditar que estava realizando o seu sonho.

_ Agora você precisa dar um nome para o filhotinho! – disse a mãe.

_ Você vai se chamar Flop! Você será o meu amigo Flop, e nós vamos brincar muito na floresta, junto com meus outros amigos animais, certo Flop? – disse, olhando o cachorrinho e o contemplando.

_ Mamãe Jaci, temos que agradecer a Ceuci! – lembrou o indiozinho.

_ Vamos agradecer sim. – respondeu a mãe.

Este conto destaca a importância e o valor que os animais tem na vida dos humanos, principalmente na vida das crianças. É preciso tratar os animais com amor e respeito, pois eles também são filhos de Deus, são vidas muito valorosas. Não se deve maltratar nenhum animal. Existem animais que são as únicas companhias de alguns humanos, e eles os ensinam o valor do amor, o valor do companheirismo e da lealdade.

Quem são:

Jaci - A lua.

Guaraci - O sol.

Rudá - O amor.

Ceuci – Deusa indígena, considerada protetora das lavouras e casas construídas nas suas proximidades.

Tupã – O Trovão, mito indígena, cultuado como entidade suprema.

Rozilda Euzebio Costa

ROZILDA EUZEBIO COSTA
Enviado por ROZILDA EUZEBIO COSTA em 11/11/2018
Reeditado em 11/11/2018
Código do texto: T6499991
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