Quem se comunica?

            Era uma bela manhã, perfeita para um passeio no bosque que cercava o castelo do rei Florisbelo III. A princesinha gostava muito de caminhar entre os canteiros floridos, brincar na relva verdinha, descansar à sombra das árvores e admirar os peixinhos vermelhos e dourados do lago.
Animada com o sol que brilhava lá fora, foi correndo chamar o pai para o passeio. Ela sabia que não devia sair sem permissão.
— Papai, o senhor viu como o dia está lindo?
Hum, hum – respondeu o rei.
— Posso passear nos jardins do palácio? – perguntou a princesinha ansiosa.
Hum, hum – respondeu o rei, anotando na agenda os compromissos do dia.
— Oba! – gritou a princesa.
Numa corrida só, foi avisar a rainha, que sempre proibia a filha de sair sem dizer onde ia.
— Mamãe, você viu que dia lindo?
Hum, hum — respondeu a rainha, enquanto escrevia uma carta para sua irmã.
— Papai deixou e eu vou passear nos jardins do palácio. Posso?
Hum, hum – respondeu a rainha, pensando se escreveu corretamente a palavra “abraço”.
 E a princesinha foi chamar sua irmã mais velha para brincar com ela.
— Princesa Florinda, quer brincar comigo no bosque do palácio?
Bláblábláblá – cochichava a princesa ao telefone, nem notando a irmãzinha chamar.
 — Princesa Florinda, por favor, quer brincar comigo no bosque do palácio?
Bláblábláblá – continuava cochichando a princesa ao telefone, nem notando a irmãzinha pedir.
Então, resolvida e feliz, a princesinha atravessou os enormes portões do palácio e foi se divertir com os pássaros que cantavam nas árvores, com as borboletas que dançavam no ar, com o perfume das flores…
Algum tempo depois, o rei, a rainha e a princesa Florinda perceberam que a princesinha não estava no castelo. Ficaram assustados e preocupados. Lembraram que ela havia pedido permissão para ir brincar nos jardins. Correram atrás dela.
Quando chegaram ao bosque, viram a princesinha brincando feliz. Que alívio!