O menino

Era noite e Antônio Berillo andava às pressas descontente com as primeiras gotas de chuva. Resmungava à natureza: - "porque sempre chove em momentos errados"?

Berillo sempre quis entender o porquê das coisas que gostamos de fazer, nunca derem certo. Um dia foi falar com o tio Fonseca, que por muito tempo estudou filosofia amadoramente.

"Titio já era velho, mas possuía o espírito do século, mas não se sujeitava a ficar calado diante das tecnologias, que via como um espetáculo de mentes doentias.

Tio estava na calçada vendo as estrelas, com sempre fazia, parecia esmiuçar na sua mente cada gota de luz estrelar, ficava absorto em espírito e fumava o céu em sua plenitude; tive dó de tirar ele daquele momento, mas fazer o quê...? - "Titio porque algo que gostamos de fazer, nunca dar certo?". Tio parece não ter ouvido minha pergunta, então percebi que aquilo era coisa da minha cabeça, e que eu estava roubando tempo daquele momento de estrela dele. Quando ia caminhando, olhei para trás, na esperança de que ele me chamasse, mas ele estava estava com o dedo indicador apontando aos céus, e bem baixinho eu podia ouvir dizendo: - "as estrelas não entendem nossa língua". Eu tinha meus 13 anos, e a única coisa que fiz foi achar que a filosofia tinha enlouquecido meu tio, e que minha pergunta continuava sem resposta".

Berillo então olhava as estrelas do alto do seu prédio. Aquela pergunta da infância ainda o atormentava. Tinha acabado um relacionamento de 8 anos. Aquela noite, acabara de receber uma ligação do término. Quando ia se deitar, olhou na estante e viu o retrato da família, e ali estava Fonseca, com um sorriso de alguém bem vivido que descobrira quase todos segredos da vida. Então Berillo lembrou de um fato: "era seu aniversário de 8 anos. No final da festa, o menino perguntou ao tio: "só falta seu presente titio... onde está?" Fonseca olhou bem profundamente nos seus olhos, nada disse, apenas o pegou no braço, colocou em sua caminhonete, e o levou ao rio. Sentados, Fonseca lhe disse: "vou dar-lhe um presente que durará para sempre..." Na minha cabeça achei bem chato aquilo, o que eu queria era um ônibus de plástico, um boneco do Super-Man, uma carrinho elétrico... mas continuei prestando atenção. E ele continuou: "está vendo aquela estrela? Ela só aparece aqui a noite. Pode esperar que ela nunca deixa de aparecer. Veja Berillo: nem tudo aquilo que podemos ter teremos, mas teremos somente aquilo que surge no céu". Naquele dia não achei interessante. Meu tio havia destruído meu aniversário".

Então Berillo levanta da cama, vai até o rio e então, num estalo, percebe o que seu tio Fonseca queria dizer com aquilo. Na verdade, ele deu duas respostas em uma, uma parte foi aquela: "as estrelas não falam nossa língua" e a outra, "teremos somente aquilo que surge no céu". Presta atenção! As estrelas são nossos problemas, a língua que falamos é a solução que queremos e o céu... - o ilimitado que está a frente de qualquer capacidade e soluções humanas, o imperscrutável e colosso, acima de nossas cabeças, ou seja, acima de nossas razões. Então as coisas só dão errado porque só conseguimos ver as estrelas. Quando Tio Fonseca fitava os olhos ao alto, ela não via as estrelas, mas via o céu; Então porque ela só falava nas estrelas? Porque, o céu (a solução que está além de nosso alcance) só pode visto por alguém que não fala a língua das estrelas!

Celso Júnior
Enviado por Celso Júnior em 07/01/2019
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