O MONSTRO DE CIMA DA CAMA

Papãozinho sentia dificuldades para dormir pois, aquela criatura não parava de se mexer ali encima. Virava-se de um lado para o outro, resmungava e roncava como os motores daquelas máquinas de ferro que circulam pelo lado de fora da cama.

Vinha sentindo uma forte vontade de espiar por debaixo da colcha caída sobre o piso, revelar seus olhos minúsculos e alaranjados.

Isso certamente faria a criatura tomar um jeito, e talvez até o deixasse dormir. Certa vez, teve coragem para isso; esticou sua mãozinha cabeluda e de unhas amarelas para fora da escuridão, e sentiu o ar suave do outro lado do mundo. Sua mãe, a Dona Papão, lhe alertou sobre aquela teimosia. Segundo ela, espionar para além das fronteiras da cama era perigoso. Os Humanos (seres esquisitos sem pelugem pelo corpo e que fazem barulho quando dormem), não são nada sociáveis. Aquilo deixou Papãozinho confuso.

Já escutara uma Humana grande dizer para um Humano pequeno que não existia nada vivendo debaixo de sua cama.

Então, eles realmente não existiam? Que outras mentiras os Humanos grandes eram capazes de contar?

Fosse como fosse, Papãozinho não estava afim de saber. Ele queria apenas dormir em paz. Era difícil com toda aquela agitação que vinha de cima, mas ao menos iria tentar.

Ah, como é difícil ser um bicho-papão e viver debaixo de uma cama...

SK
Enviado por SK em 24/04/2020
Código do texto: T6926835
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