Monstros da Noite

Mamãe, quero dormir na sua cama

Eu sei que ama

Mais tem um monstro que me chama

No silêncio do meu quarto

Vem aqui meu filho

Me de um abraço

Monstros não existem

Não sei porque

Nessa bobeira insiste

Existe sim

Está presente todas as noites

As vezes não é o mesmo

Mas os monstros eu vejo

Eu escuto, sinto o cheiro

Então me conte

Detalhes daquele que se esconde

No seu quarto, ou não se sabe onde

Como é esse tal monstro?

Na escuridão

Fica difícil a descrição

Tento vê-lo com o coração

Mas não enxergo não

Forte a respiração

Somente escuto seus ruídos

Frequência em aceleração

Sinto pesado seus fluídos

Parece semelhante

Respiração ofegante

Ritmo acelerado

Do coração preocupado

Fale mais, desse monstro malvado

Com pouca luz

Consigo ver suas sombras

As vezes forma uma cruz

Confuso em meus braços, assombra

Ja tentou encara-lo de frente

Mostrar seus dentes

Você é forte e corajoso

O monstro vai fugir, como um medroso

Não é um, são vários

Só aparece quando estou sozinho

Já o procurei em cima do armário

No mezanino

Não encontro-o em lugar algum

Pelo contrário

Ele me encontra

Eu vou lá com você!

Não mãe,

As vezes parece que está dentro de mim

Num mundo sem fim

A cruz são meus braços

Meu coração e meus descompassos

Não são muitos monstros que vem me assustar

São muitos monstros que em mim vem morar

Agora mãe, eu queria saber como é que eu vou cuidar

Desses tantos eus confusos pra abrigar

Ãh

Já estou bem mãe, só quero seu colo!

Demorei pra descobrir

Meu monstro também está aqui

Quando deito, não me deixa dormir

Mas eu não tenho pra onde ir...

Fabiana Gouvêa
Enviado por Fabiana Gouvêa em 26/04/2021
Código do texto: T7241528
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