O MENINO CANTOR (cordel infantil)

No tempo de Jesus na Terra

Viveu o menino Matheus Serra

Perambulando pelas vielas

E punha sebo nas canelas

 

Ao ver a brigada romana,

Que passava toda semana,

Recolhendo o imposto

Que causava desgosto

 

Ao povo de Jerusalém.

Matheus, não se sabia bem,

Se tinha pai, mãe ou irmão

Nem como perdeu uma mão.

 

Segundo os comerciantes

Foi em tarde de sol brilhante

Que o menino brincava

No moinho e tirou a trava

 

Da roda que fazia a moenda

Do moinho da velha fazenda

Girar para moer trigo e milho.

Foi aí que a mão do andarilho

 

Matheus ficou presa nos dentes

Da roda provocando o acidente.

O tempo passou e o menino,

Continuou, como era o seu destino,

 

Vagando por entre as tendas.

Correu um boato entre as vivendas

Que em Jerusalém, no dia seguinte,

Chegaria Jesus cuja presença era um acinte

 

Para o povo invasor de Jerusalém.

Chegou o dia e a expectativa foi além

Do esperado. Uma multidão seguia

O Mestre que acenava e sorria.

 

Matheus estava curioso e foi chegando

Perto do Mestre que continuava falando:

Deixai vir a mim as criancinhas

Por que elas são umas gracinhas

 

E eu as amos como meu Pai me ama.

E tendo na mão uma verde rama

O menino perguntou: Posso cantar?

O canto tem o dom de agradar.

 

Estava um falatório quando alguém gritou

E do meio da multidão vociferou:

Eu o proíbo de cantar: disse o soldado.

E se teimar será por mim fustigado.

 

Tremendo de medo o menino falava:

Quero cantar para o Mestre uma seresta.

Nenhum argumento ao soldado abalava.

Homenagem só a César em dia de festa.

 

O que pode cantar essa criatura sem mão?

Perguntou o soldado de corpete salmão.

Ao que respondeu o senhor Jesus:

Tudo com a graça do Pai que o conduz.

 

Levantando-se do seu assento na serra

Jesus pegou na mão de Matheus Serra:

Cante filho quero ouvir este instrumento

Que será neste dia o maior acontecimento.

 

A multidão alvoroçada calou-se.

Matheus diante de Cristo postou-se

E cantou com sua voz angelical

Uma belíssima canção celestial.

 

O Mestre de olhos cerrados e mãos postas,

Ouvia cada nota e letra compostas

Por aquele menino privado de uma mão

Mas com a graça de Deus no coração.

19/03/22

(Histórias que contava para o meu neto)

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