O SONHO DO BONECO

Na estante de muitas bonecas

Entre raquetes, bolas e petecas

Estava num cantinho apertadinho

Um boneco com sardas no rostinho.

Era rosado e se parecia com bebê

Desses que encantam quando se vê.

O corpo macio como seda chinesa

Olhos redondos de azul turquesa.

Pensando ele vivia ali tão tristonho,

Pois desejava realizar o seu sonho

De escapar de tão horrorosa prisão

Jogando-se no ar e caindo ao chão.

Lendo os pensamentos do boneco

O gênio dos brinquedos Maneco

Apareceu em uma nuvem rosada

E com espalhafatosa gargalhada

Disse: desejos podem se realizar

Basta com fé pedir e em mim confiar.

O boneco muitíssimo emocionado

Questionou: tem preço condicionado?

Para a liberdade não há preço a pagar

Ela é o tesouro que todos devem herdar

Seja um humano, um animal ou um boneco.

Explicou o gênio dos brinquedos Maneco.

Liberte-me, quero ser de uma criancinha

Quero ouvi-la dizer que sou uma gracinha

Cansei de viver nesta estante e neste aperto

É como se no meu peito houvesse um espeto.

Nesse exato momento entrou uma menina

Que olhando a estante de baixo para cima

Disse: moço, eu quero aquele lindo boneco

Pediu ela ao gênio dos brinquedos Maneco.

Foi assim que o boneco macio como seda

Conheceu da liberdade a longa alameda

Nos braços daquela bela criancinha

Que o embalava dizendo: é uma gracinha.

20/04/22

(histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)