BETINHO E LUÍSA, OS EXPLORADORES NO MUNDO DA FÍSICA - O CARRO MAIS RÁPIDO DO MUNDO

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Betinho anda um pouco sem inspiração. O período de férias escolares sempre produz nele um pouco de preguiça. E por mais que ele imagina que vai usar o tempo livre para fazer muitas pesquisas novas, acaba passando mais tempo jogando videogame e jogando bola com os amigos do bairro. Para piorar, a sua companheira de pesquisa, Luísa, sempre viaja com a família. Sem as provocações dela, Betinho, não consegue ser tão curioso com as descobertas.

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Já no fim das férias, Luísa, enfim, retorna e procura Betinho, bem eufórica para contar suas novidades. Vai correndo até a casa dele e, antes que Betinho abra o portão, ela já vai disparando:

- Cara, você não imagina como estou cheia das ideias!

- Primeiro, a gente dá bom dia! Se abraça para matar a saudade, essas coisas de pessoas normais! – brinca Betinho.

- Larga de ser sentimental, Betinho – zomba Luísa, abraçando o amigo.

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Após um pouco de conversa fiada, Luísa vai direto ao ponto:

- Betinho do céu! Você não imagina o que vi com esses olhinhos lindos! – diz Luísa.

- Não tenho bola de cristal, garota!

- Pois deveria, você não sabe o que está perdendo – exclama Luísa.

- Desembucha, Luísa! Não faça tanto drama mexicano! – se impacienta Betinho.

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Luísa tira o celular da bolsa e mostra uma foto para Betinho.

- Que carrão, hein? Nossa, imagina eu com um desses... – diz Betinho.

- Se acalme, que nem dirigir você sabe e nem idade tem para essas coisas. Foco no que interessa, Betinho, foco!

- O que tem de tão especial nesse carro, além de ser muito lindo e muito caro?

- Você está diante da foto que eu tirei do famoso SSC Tuatara, o carro mais veloz do mundo! – diz Luísa.

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- Nossa! Onde foi isso, que nem fiquei sabendo?

- Foi lá em São Paulo, numa exposição. Foi uma experiência maravilhosa ver essa máquina – diz Luísa, bastante empolgada.

- Bom mesmo deve ser andar numa maravilha dessas – suspira Betinho.

- Advinha quantos quilômetros por hora ele faz?

- Sei lá, uns 400? – chuta Betinho

- Com um motorista lento como você, talvez, mais com um de verdade, ele chega a incríveis 455 quilômetros por hora!

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- Uau! Numa estrada perfeita ele faria mil quilômetros em pouco mais de duas horas! É quase um avião! – se empolga Betinho.

- Pois é, pequeno Alberto! O que me empolgou foi a ideia de mostrarmos ao nosso público os conceitos de aceleração e velocidade, usando como exemplo essa máquina maravilhosa, que você não viu, mas que eu, a poderosa, vi! – brinca Luísa, como de costume.

- Olhar qualquer um olha, o dia que você entrar dentro de um desses, me avisa para eu chamar a imprensa – zomba Betinho.

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Depois de um tempo os dois decidem que vão utilizar o carro super veloz como exemplo para explicar aceleração e velocidade usando os fundamentos da Física.

- Bom mesmo seria fazer isso, dirigindo aquela máquina – diz Betinho, ao ser interrompido por Luísa.

- Alguém adulto dirigindo aquela máquina, você quer dizer...

- Isso! Mas fique você sabendo que assim que eu voltar da premiação do Nobel, vou comprar um carro desses. Talvez eu deixe você dar uma volta... – provoca Betinho.

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- Não quero ser desmancha-prazeres não, Betinho, mas acho que o máximo que conseguiremos vai ser fazer nosso vídeo usando um daqueles seus carrinhos de brinquedos...

Betinho ri, balança a cabeça e concorda:

- Expectativa e realidade, é a vida!

Entra no seu quarto e volta de lá com alguns modelos, de várias cores e modelos, quase todos réplicas perfeitas de carros famosos.

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Luísa fica encantada com aquele tanto de carrinhos. Pega um azul escuro, miniatura de uma Mercedez. Ao ser puxado para trás, ele carrega um tipo de força e dispara, para a frente, acelerado. É um tipo de corda que se dá ao brinquedo, explica Betinho.

Luísa deixa o carrinho bater na parede, para desesperado de Betinho.

- Cuidado para não estragar meus carros, sua desastrada!

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Depois de, como crianças que são, brincarem com os carrinhos, os dois pequenos cientistas chegam à conclusão que o experimento precisa ser iniciado explicando o que é aceleração e o que é velocidade.

- Mas com palavras bem simples, usando o carrinho como ilustração! – propõe Luísa.

- Claro com a explicação do papai aqui – brinca Betinho.

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- Defina aceleração, Betinho. Vamos ver se você fez a lição de casa.

- Explicando de um jeito simples, para pessoas como você entender, Luísa, posso dizer que a aceleração é a medida que usamos para explicar a mudança da velocidade de algo que estava imóvel em relação ao tempo. Algo que sai do ponto A para o ponto B.

Luísa bate palmas:

- Muito bem, até que mandou bem, Betinho.

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- Agora é a sua vez, Luísa. Defina velocidade segundo a Física.

Luísa se levanta, faz pose de atriz, para valorizar sua explicação:

- Muito bem, senhoras e senhores, de acordo com os meus conhecimentos, a velocidade de um corpo, no caso, o carro, é dada pela relação entre seu deslocamento em determinado tempo. Esse deslocamento que um carro faz, de uma rua para outra, é um exemplo de velocidade. Espaço e tempo são as referências. Por exemplo, um carro veloz vai gastar 4 segundos para percorrer 100 metros. Ou seja, ele estava a 90 quilômetros por hora!

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- Menina esperta, menina esperta! – aplaude Betinho.

- Obrigada, obrigada, não foi nada! – Luísa faz sinal à plateia imaginária, como se fosse uma artista no palco.

- Mas sabemos, Luísa, que por leis internacionais de medida – sim, isso existe! -, a medida para velocidade é o metro por segundo. E não o quilômetro por hora, como se tornou comum se dizer por aí.

- Tirou as palavras da minha boca! Eu ia completar, mas você não espera eu terminar minhas pausas dramáticas – rebate Luísa.

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- Bom mesmo seria se pudéssemos relacionar as explicações físicas com o magnífico SSC Tuatara – sonha em voz alta Betinho.

- Acho que isso vai ficar só no nosso sonho mesmo, infelizmente – admite Luísa.

- Mas dá para usarmos imagens da internet sobre o carro e com a nossa explicação de aceleração e velocidade.

- Serve, serve. Então vamos acelerar nossa pesquisa, pequeno Alberto.

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- Esquecemos de ressaltar que a aceleração tem a ver com a segunda lei de Isaac Newton – lembra Betinho.

- O velho Newton está em todas! – brinca Luísa.

- Ele é danado! Podemos dizer que a belezinha do SSC Tuatara quando se desloca, vai mudando de velocidade gradativamente, ou seja, aos poucos.

- No caso dele, de forma bem rápida, né? – questiona Luísa.

- Chamamos esse movimento de...? – pergunta Betinho.

- Não sei! Eis um fato raro sobre mim: eu não sei essa – admite Luísa.

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- Para sorte geral da nação, o Pequeno Albert aqui, mais conhecido como Betinho do Nobel, sabe e vai explicar – se exibe Betinho.

- Menos, Betinho, menos – cobra Luísa.

Com pose de professor, Betinho sobe na cadeira e diz:

- Chama-se Movimento Uniformemente Acelerado. E quando o carro começa a frear e diminuir a velocidade, a gente diz que a velocidade está em Movimento Uniformemente Retardado. Palmas para mim!

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Luísa não bate uma palma sequer. Fica observando a cena, coçando a cabeça, meio pensativa.

- Acho que podemos adicionar mais curiosidades sobre carros e a relação com Física, Betinho. Para ficar mais interessante para nosso público. Nosso exigente público de 300 pessoas.

- O que tem em mente? – pergunta Betinho.

- Pensei em algo assim: a gente falar sobre a gravidade. Quando o carro acelera o centro de gravidade do veículo é transferido para a parte traseira do veículo. Entende? A parte da frente sobe e a de trás abaixa.

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Betinho se mostra satisfeito com a sugestão. Procura no bolso uma barra de cereal que estava guardando há bastante tempo.

- Aceita um pedaço?

- Não mesmo. Isso aí deve estar estragado. Obrigada! – recusa Luísa.

- Bom que sobra mais para mim – brinca Betinho.

- Gostou da minha ideia?

- Claro, curti muito – responde Betinho, mordendo a barra com cara de fome.

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- Acho que podemos falar também um pouco sobre carros de um modo geral. Desde os mais antigos até esse modelo super veloz. Explicar que graças a Física os carros existem – sugere Betinho.

- Não pode ficar muito papagaiado, Betinho. Tem que ser coisa simples. Meio por cima essas informações extras sobre os carros.

- Esqueceu que além de cientista, sou um artista incrível? Que sei fazer limonada com um só limão?

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Após mais algumas provocações e desencontros de ideias, os dois resolvem colocar a mão na massa. Começam a selecionar imagens da internet, de carros em movimento de aceleração. De carros saindo, chegando, freando, fazendo diversos movimentos.

- Não podemos esquecer do carro mais veloz do mundo, hein? – lembra Betinho.

- Como vou esquecer do famoso SSC Tuatara? Até agora fico arrepiada de ouvir o ronco do motor dele – responde Luísa, para fazer figa a Betinho.

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- Uma curiosidade interessante que acabo de descobrir, Luísa – diz Betinho, diante do computador.

- Qual? Que você não vai mais ganhar o prêmio Nobel?

- Não, isso não. Ainda está de pé essa proposta e ela vai acontecer lá para 2070, pode anotar.

- Anotado! – zomba Luísa.

- A curiosidade é que o carro mais veloz produzido no Brasil é o BMW X3 M40i, que passa pouco dos 250 km por hora, ou seja, bem inferior ao nosso ilustre SSC Tuatara.

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- Mais um motivo para a gente colocar o som do motor dele quando arranca. É um espetáculo à parte, Betinho. Pena que você não viu...

- Mas você sempre faz questão de me lembrar, não tem como eu esquecer – cutuca Betinho.

- Mas faço isso de bom coração, para você ficar interessado no carro e, quem sabe, compra-loe quando for adulto e vencer o Prêmio Nobel. Minhas motivações são nobres, Betinho. Sempre são...

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- Não sei disso não! – diz Betinho.

- Mas foi útil para termos um assunto para abordar na nossa pesquisa – responde Luísa.

- Eu dou o braço a torcer, Luísa. Eu estava totalmente sem ideias, sem inspiração. A sua visão do carro maravilhoso lá ajudou. E sou grato por isso. Mas eu também tenho minha surpresa – diz Betinho, abrindo o celular e mostrando uma foto do SSC Tuatara – também estive lá. Só não disse antes porque queria ver sua cara de susto como agora!

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 03/06/2022
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