A BONECA ZAROLHA

Era uma vez, numa loja de brinquedos, uma boneca que nasceu zarolha. Ficava exposta na mais alta prateleira, nenhuma menina a queria. Vivia triste. Via as outras bonecas serem escolhidas e levadas para casa em lindos pacotes enfeitados.

Um dia, uma boneca de cabelos louros disse:

- Sabe por que ninguém quer você? Por causa dos seus olhos. Eles são feios demais. Veja os meus – disse a convencida – são azuis, perfeitos, lindos de morrer. Logo serei levada por uma menina.

A pobre zarolhinha chorou. Queria tanto ser escolhida, levada por alguém para fazer a felicidade de uma menina. Mas não saía da prateleira.

Um dia, já estava perto do Natal, o dono da loja resolveu colocar a boneca zarolha na vitrine repleta de outras bonecas. A loja encheu-se de crianças. Todos os brinquedos foram vendidos. Das bonecas sobraram duas: a pobrezinha da zarolha e a convencida de olhos azuis.

O dono da loja pensou:

- A outra tem chance de ser vendida, mas a zarolha não tem jeito, vou jogá-la no lixo. Ninguém quer esta boneca.

Enquanto pensava no destino que daria à boneca, reparou num homem que parara diante da vitrine empurrando uma cadeira de rodas onde estava sentada uma menina. Ela apontava para a vitrine. O homem entrou empurrando a cadeira e pediu:

- Posso ver aquela boneca que está na vitrine?

- Pois não, senhor. Qual das duas?

- A que está à esquerda.

Admirou-se, porém não disse nada. Abriu a vitrine e entregou a zarolha nas mãos do homem que a passou para a menina. Com os olhos brilhando de emoção a criança disse:

- Papai, ela é tão linda! Olha os cabelinhos dela... os bracinhos roliços... as mãozinhas... Veja os pés... são tão mimosos! O vestido é uma beleza! A carinha é rosada, perfeita. Compra ela pra mim, papai? Compra?

E o homem comprou, pagou e saiu empurrando a cadeira com a criança levando um belo pacote no colo e, dentro dele, feliz estava a boneca zarolha.

Moral: Os olhos da alma são capazes de ver a beleza que os olhos da cara não vêem.

04/01/05.