O dia que eu conhecer meu vizinho. Parte 5.

– Se o cara desfigurado não for professor ou o anfitrião de boas vindas eu posso aguentar! – cochichou Pan para si própria na frente do colégio São Pitombas.

Era o primeiro dia de aula depois das férias, e mesmo com medo do acontecimento anterior de quando esteve lá pela primeira vez e do receio dos novos colegas nada a impediria de entrar. Naquele dia após tanta espera finalmente conheceria seu vizinho, seu amor Dylan. Entrou pé ante pé como se esperasse represália ao menor sinal e não fez mal em ter essa atitude, pois logo no primeiro corredor que dava para as salas de aula trombou mais por vontade da garota do que por acidente com Marylin Mae e seu grupo de líderes de torcida.

– Olha gente, é sempre assim! Nem bem começa o semestre e tem carne nova no pedaço pra eu ensinar as regras! – disse Marylin cheia de si.

– Me desculpe! De onde foi que você veio? – perguntou Pan desorientada.

– Eu sempre estive aqui, ao contrário de certas franguinhas que chegaram há alguns minutos e já querem bater as asas! – respondeu Marylin rindo com as outras.

Ela vinha para cima de Pan com tudo disposta a mostrar quem mandava no São Pitombas quando de repente alguém gritou lá de trás, correndo pelo corredor desviando do amontoado de pessoas a fim de acabar com o circo que se formou sem motivo aparente.

– Marylin você não tem jeito! Todo semestre tem que fazer esse showzinho barato pra mostrar pra suas amiguinhas sem cérebro que você ainda pode alguma coisa! – gritou o garoto para todos ouvirem.

– Dá um tempo Dylan! Eu sei que você gosta do meu joguinho de poder! E me qualifica muito mais pra quando ficarmos juntos!

– Dá um tempo você! Isso foi em outra vida quando eu e você éramos da mesma laia, mas felizmente é bom saber que algumas pessoas evoluem já outras me dão pena! – terminou o garoto recebendo o apoio geral da galera.

Marylin ficou sem palavras para responder a ofensa já que não sabia tantas para esbanjar, preferiu ficar calada e guardar o embate daquele momento para outra hora.

– Tudo bem querido! – falou sorridente consentindo a razão a Dylan. Porém antes de partir deixou um recado à Pan. – Nos vemos depois novata!

– Vai esfriar essa cabeça garota! – aconselhou Pan.

O sinal tocou e todos foram se encaminhando devagar para suas classes deixando Pan sem rumo no meio deles apenas na companhia daquele garoto que foi o único a defendê-la.

Música - California King Bed Rihanna - Tradução

Peito a peito

Nariz a nariz

Mão a mão

Nós sempre estivemos tão próximos

Pulso a pulso

Dedo a dedo

Lábios que pareciam o interior de uma rosa

Então por que é que quando eu estico os meus dedos

Parece que há uma enorme distância entre nós

– Você mostrou pra ela hein Dylan! – disse um dos amigos do garoto o cumprimentando.

Pan que até então não sabia quem era aquele menino de óculos raiban do tamanho da cara e boné gigante começou a esquadrinhá-lo como se tivesse ganhado um presente surpresa, mas que ainda estava no embrulho.

– Você é o Dylan? – perguntou empolgada.

– Sou sim, mas me poupe dos detalhes da apresentação, eu sei que você é a Pan. A garota que ama o vizinho que nunca viu, dá licença! – debochou.

– Eu sei, parece loucura e isso nunca me aconteceu antes, parece coisa da sua querida Marylin, mas é verdade!

– Nossa, ou você é a melhor atriz do mundo ou realmente o Greg pegou pesado com você pra toda essa doideira fazer sentido na sua cabeça!

Nesta cama do rei da Califórnia

Nós estamos a 10.000 milhas de distância

Aposto que a California faz pedidos a essas estrelas

Para o seu coração, para mim

Meu rei da Califórnia.

– O Greg? Eu não confio nele nem por um segundo! Pra mim aquele sujeito é mais falso que nota de três reais! Oh! Desculpe, ele é seu pai...

– Não, tudo bem! Eu sei bem que moro com o inimigo! – disse já partindo quando voltou rindo. – Ah! Sinto muito se o uniforme daqui não é vestido de chita e camisa xadrez! Mas é sério, não confie em Greg!

– Eu não confio! – assegurou Pan.

– Ótimo! Sinal que a cidade grande está te deixando esperta! – terminou sumindo pelos corredores que ecoaram esse elogio.

Olho a olho

Bochecha a bochecha

Lado a lado

Você estava dormindo do meu lado

Braço com braço

Anoitecer e amanhecer

Com as cortinas fechadas

E um pouco da noite passada nestes lençóis

Então por que é que quando eu estico meus dedos

Parece que há uma enorme distância entre nós

– Eu sempre fui esperta, quem subestima alguém é que tem algo á aprender! – disse seguindo na mesma direção.

Pan o perdeu por alguns instantes, pois aquela escola era bem maior e obscura do que aparentava ser. Suas passarelas acabavam para outras começarem dando em outras salas que não tinham nada além do silêncio. Procurou o quanto pôde se achando na própria perdição. Até que ouviu vozes vindas sorrateiras de baixo de seus pés, começou a tatear o chão encontrando tempo depois um alçapão com uma escadaria que ia direto ao encontro da conversa ouvida. Preferiu ficar na espreita para escutar o que diziam.

– Nós não temos tempo a perder! Cada dia que falhamos é um que Greg ganha pra conseguir finalizar o projeto! – disse o homem que para surpresa de Pan, possuía a cara toda retalhada do outro dia.

– Você tem razão, desde que ele trouxe aquele amigo idiota dele e a filha sabichona o fim da experiência se tornou algo que ele conseguirá em questão de semanas. – comentou Dylan preocupado.

– E o quê nós faremos então?

– Francamente eu não sei bem ainda Tom, mas temos que sabotar a fórmula que o tonto do Alan está desenvolvendo pro Greg levar a vitória, como fez há muitos anos atrás! Se ao menos ele soubesse o mal que está ajudando a causar, porém os melhores amigos não se desgrudam e Alan não acreditaria no filho problemático do amigo. Não acredita nem na filha maluca com problemas emocionais.

Nessa hora Pan se enfureceu por saber como Dylan a via, mas se conteve para observar onde iriam chegar.

– Eu acho que aquela garota sabe mais do que aparenta, Greg pode ter usado a fórmula nela também e tê-la manipulado como faz com os outros pra que ela descubra algo sobre você, sobre nós! Não me surpreenderia se ele estivesse desconfiado ou já soubesse dos nossos planos para impedi-lo. Explicaria aquela paixão sem sentido e toda investigação durante as férias.

– Pode ser, mas se ele conseguir terminar a fórmula a manipulação será permanente e ele terá as pessoas dessa cidade em seu poder para sempre e depois sabe lá o que mais ele planeja fazer! O quê você sugere Tom?

– Acho que devíamos sequestrar a menina para saber o que ela sabe e se não souber de nada ao menos distrairia o pai na procura dela. Eu posso ficar com ela aqui ninguém desconfiaria!

– É melhor não meu amigo! Suas intenções são boas, mas você é um lobo solitário! A bipolaridade lhe impediria de cuidar dela, poderia até acabar a machucando numa crise. Sem ofensas, mas dizer que você é bipolar num grau leve seria o mesmo que dizer que alguém arranhou a unha enquanto na verdade perdeu o dedo!

– Tá bom! Só não diga que eu não tentei te ajudar! Você precisa parar de ser bonzinho Dylan porque nossos inimigos não são e enquanto você aplica piedade eles planejam te matar da maneira mais cruel. Um dia você não terá escolha e agirá pela lei do mais forte!

Pan já estava farta daquela reunião da Dupla Dinâmica reunindo coragem e ímpeto quando do nada apareceu.

– Batman e Robin vão ficar bravos ao saberem o nível da concorrência que terão de enfrentar! Pena que o Batman use uma máscara permanente e se pareça com o Duas Caras! – disse com receio.

– Essa pirralha infeliz! Quem ela pensa que é? Eu disse que não perderia por esperar então a hora chegou. O plano estava cancelado Dylan, mas quando ele cai em nossas mãos não há como recusar! – gritou Tom esforçando-se para pegar Pan que correu para o lado de Dylan.

– Não! Ela não tem culpa de nada disso, eu que fui descuidado e a deixei que me seguisse! – falou firme esticando o braço contra o peito de Tom que estava ainda maior tomado de fúria.

Pan se escondeu atrás de Dylan e apesar do medo de acabar em pedaços sentiu também uma adrenalina boa por estar sendo protegida por ele.

– Eu posso ajudá-los a convencer meu pai que o Greg não presta! – gritou tentando fazer Tom desistir do plano.

Quando eu senti vontade de desistir de nós

Você se virou e me deu um último toque

Que fez tudo parecer melhor

E mesmo assim meus olhos ficaram úmidos

Tão confusa quando te perguntei se você me amava

Mas eu não quero parecer tão fraca

Talvez eu tenha tido meu sonho californiano

– Calma Tom! Não é assim que nós resolvemos as coisas! – gritou Dylan a defendendo.

Um clima tenso se instalou no porão e os comparsas estavam com a relação abalada por causa da menina.

– Nós vamos conversar lá fora e tudo vai ficar bem porque ela não quer nos atrapalhar! – sussurrou se distanciando e levando Pan para fora.

A garota estava em festa por dentro depois da cena que presenciou do seu amor, porém quando saíram do porão a reação de Dylan não foi nem um pouco conforme a esperada.

– Obrigada por ter me defendido lá em baixo, eu achei que você ia apoiá-lo, mas...

– Xiu! Eu só não o apoiei porque realmente o cara é maluco quando está com raiva. E depois você prometeu que ia ajudar, espero que faça isso, mas faça de longe porque isso não é um jogo juvenil de adolescente que não tem o que fazer!

– Eu posso te ajudar agora te conheço e ninguém poderá dizer nada que nos impeça de agir juntos! – disse Pan, eufórica em convencê-lo.

Nessa hora Dylan se aproximou impulsivamente para junto de Pan, ela fechou os olhos achando que ganharia o beijo que tanto havia sonhado, porém ele levantou a mão e tapou seus olhos com elas.

– Qual é a cor dos meus olhos? E dos meus cabelos? Quais são minhas cores, filmes e comidas favoritas? Que animal eu seria se pudesse ser um? Qual o meu signo? Você sabe?

Pan ficou em silêncio tentando gesticular sem sucesso alguma resposta satisfatória, porém não conseguiu nenhuma.

– Está vendo, você não me conhece. Só acha que conhece, mas ouvir a voz de uma pessoa e olhar pra ela alguns minutos não te qualifica pra tanto.

Dylan então tirou as mãos dos olhos de Pan e partiu voltando para o porão em seguida. Dessa vez estava sozinho e não foi seguido, havia tomado com aquela atitude todas as precauções para que isso não se repetisse. Pan o via de longe com o coração quebrado.

Nesta cama do rei da Califórnia

Nós estamos a 10.000 milhas de distância

Aposto que a California faz pedidos a essas estrelas

Para o seu coração, para mim

Meu rei da Califórnia.

Continua...

Próximo capítulo final!!!Bjus!!!!Até ++++!!!!!!