Que pena!

Ontem, amor, a vida cantava em uníssono.

Era perfumada a sensação...

Você era nuvem clarinha, compondo céu anil.

E eu nem pensava mais em outro querer.

Tinha uma segurança cravejada de rubis e andava descalça por sobre vidros.

Nem um corte sequer apagava a ascendência da face... nenhum, porque não caminhava sozinha.

Foi tudo muito rápido: luz e freios.

Bati de frente e agora é como se não pudesse mais ir.

O vento contrário puxa...

Se tu soubesses, amor, nos teria facilitado a permanência.

Não teria mentido pra mim.

Sou eu a atriz, lembra?

Porque não me olhas?

Porque te procurei conhecido de outrora?

Porque questiono?

Porque não sou suficientemente equilibrada pra te segurar no colo e falar alto, advertindo-o :

olha, que eu sou pra você, meu bem!

Que pena...