Ele era só um amigo

Lá na escadinha, subindo ao quarto andar, ele viajava no sorriso dela. Era ele quem estava nas horas mais difíceis, quando as lágrimas dela resolviam cair, ele estava preparado para ouvir todo o mar de problemas que quebravam em seu coração. Ele era o castelinho de areia na vida dela, e ela era o mar agitado, e toda manhã ele queria mergulhar nessa aventura de garota. Nas baladas, ele se sentava e assistia cada passo de dança que ela fazia, sabia que era solta e brincava de viver, e quando o show acabava, apanhava da vida. E quem seria o consolador da noite? Ele, sempre ele.

Ele não se importava, sabia que era procurado ou respondido quando algo a machucasse, mas não jogava tudo pro alto, ele guardava cada peça. Por amor aquela garota, decidiu cuidar, estar presente mesmo que alguém a derrubasse, sempre que abrisse os olhos, ela estaria vendo sua mão estendida. Mas quem disse que não cansa? Palavras são usadas não por passa tempo, e ela passava o tempo ouvindo suas palavras, mas não vivia nenhuma delas. Virou desgaste, não sabia mais o que fazer ou o que dizer, ela já tinha todo o conhecimento da vida através dele, o que mais faltava? Faltava amor. Fez outra decisão: preferiu deixá-la, avistando de longe sua vida turbulenta, e aos poucos, sem avistar mais.

Enquanto ele viveu para amar, ela morreu sem viver seu amor.

Gabriela Faria
Enviado por Gabriela Faria em 02/03/2018
Reeditado em 01/04/2018
Código do texto: T6269080
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.