GHOU

A batalha não seria fácil, nem rápida. Talvez prazerosa em algum momento. A mitológica criatura árabe Ghou, era imponente. Sua coloração verde escura lembrava uma densa e intransponível selva. Seus olhos totalmente escuros provocavam medo ao mais corajoso guerreiro. Suas asas, pernas e tórax denunciavam que era uma criatura tão forte quanto raivosa. O pesado cheiro de enxofre e a cauda pontiaguda completavam sua horrenda silhueta.

Laio, um integrante da espécie masculina, seminu, buscava alguma equiparação com a monstruosa criatura, pois queria enfrentá-lo em iguais condições. Sabia que seus músculos, fúria e domínio de algumas ciências da guerra não bastariam.

A monstruosidade vai ao seu encalço, sedento pela batalha. Laio levanta a pesada espada e acerta duas das garras mortíferas da fera. A guerra não demoraria, como sugeria a curta distância entre os dois.

Ela, mais raivosa, vai numa segunda investida. O homem do mortífero jogo não sabia o que havia acontecido. Sabia que tinha acertado o animal, mas não o quanto nem em qual parte.

No segundo ataque, a fera o atinge. Ele desfere mais um golpe. Segurava a espada como um corpo segura a alma, mas havia sido derrubado, e machucado em certos pontos: cabeça, perna, braço. Sua fúria aumentava. De Ghou também. O sangue parecia escorrer quente em sua pele.

O homem sabia que sua vitalidade, força, preparo e fúria não bastariam. Como um acordo informal, a fera espera seu inimigo sem causa levantar. Ele sabia que ela fora atingida. Seus golpes não foram em vão. Um vento frio derrubava gotas geladas nos dois. Eles se preparavam para o derradeiro ataque.