Castelo de Fogo - Ensaio

Esta é uma história de tempos antigos. O mundo era dividido em reinos, e pequenas propriedades de terra. Cada terra tinha seu próprio rei, que governava com seus servos e filhos, vivendo de sua subsistência. Um rei forte conseguia novas terras para cultivo e dominação, além de que poderia se tornar suserano de outros reis.

Esta é uma história de Doronie, o sexto filho de uma linhagem nobre. Criado em um lar protegido do mundo. O rei queria que o caçula assumisse o trono, por isso evitou que seu filho tivesse contato com o mundo exterior pois se decepcionaria com a miséria e a maldade das pessoas e poderia recusar-se a ser o rei e manter o legado da famíla.

Seus outros irmãos trabalham como soldados nobres para o rei, enfrentando ameaças e completando tarefas que lhe foram designadas. O filho primogênito do rei, Tnar, nasceu com força explendida, maior que todos os seus irmãos. E seu quinto filho Killie, foi considerado uma relíquia pelos seus poderes. Diz-se que todo quinto filho de um rei nasce com uma relíquia, que é capaz de poderes singulares. Portanto era o filho mais valioso para o rei, porém não o mais amado. Sentia inveja de Doronie, por ele não precisar acatar as ordens do pai e levar a vida pacata e doméstica. Porém com um súbito sinal de amor, lhe implicou uma maldição (relíquias podem dar bençãos ou maldições, dependendo de seu estado de espirito), chamada de Chainer. Esse poder era capaz de materializar correntes em seu braço direito que ativavam quando ele estava em profundo risco de vida. E só voltavam ao normal quando matasse seu inimigo. Doronie não tinha conhecimento desse poder até o momento...

UMA AVENTURA PERIGOSA - DORONIE VIAJA.

Um mensageiro cavalgando um cavalo entra nos territórios de Hyspa, ele parece ferido. Está debruçado no corpo do animal, e acompanhado com ele há outro cavalo sem cela. Os camponeses que trabalhavam no cultivo de sementes observam o mensageiro ferido chegando no horizonte. Tratam logo de ajuda-lo. Em seu peito o símbolo da cruz oposta revela sua origem. Veio das terras do Susserano Guilherme, o homem ferido não se aceita ser ajudado, está desesperado para falar com o rei.

Chegando ao castelo, a notícia é estrondosa. As terras do Susserano foram invadidas por Piero's troup. Um grupo de ladrões especialisados em roubar relíquias. O rei Guilherme está desaparecido (provavelmente morto), e sua relíquia está confinada no castelo. A maioria dos aldeões foram mortos, e os que se sujeitaram viraram escravos da Piero's troup.

Em um último suspiro, morre o mensageiro com um sorriso de missão completa. Perguntado o rei sobre o que iria fazer:

- Alteza, permita-me te dizer, tão certo de que vive você. Não mande dos nossos para lutar contra a trupe. Por que certamente nos venceriam e nos matariam. Seus filhos estão em viagem e não podem lidar com esse problema. E mesmo que o rei fosse pessoalmente retomar o castelo, creio que é tarde demais pra salvar alguma coisa. Guilherme está morto.

O rei em nada mudara seu olhar, aquilo não lhe atingira. Mandou que os valentes vigiassem as fronteiras de Hyspa (o território de todo o rei.) E que um arauto fosse pessoalmente as terras de Guilherme para negociar com os ladrões.

Guilherme deu ao rei de Hyspa, Aminon, terras férteis e grandes. E em troca pediu proteção, e apoio sempre que necessário. Porém agora com a morte de Guilherme, Aminon não teria nenhum compromisso com o seu suserano e poderia focar só na proteção de seu próprio reino.

Do alto do palácio, Doronie observava a cena inquieto. A notícia da invasão do reino de Guilherme o pegara de surpresa. Sua preocupação se focou na relíqua do reino de Guilherme, a sua prima chamada Nama. Em seu coração intentou salva-la, já que tinha boas memórias dela. Com um motivo para partir, foi preparar-se para a batalha. Pretendia infiltrar-se no castelo e salva-la e voltar sem chamar atenção. Mas também sabia que era inevitável o combate.

Doronie era um jovem de 16 anos, muito inexperiente ainda em lutas se comparado a seus irmãos mais velhos. Preparou-se as pressas para poder partir rumo a região de Lancshire (onde estava situado o reino de Guilherme).

Mas antes de sair, procurou seu pai pedindo permissão, embora soubesse que melhor seria ir escondido. A resposta era previsível, seu pai recusou que ele partisse:

- Pai, por tudo o que é mais sagrado...

- Eu não posso te deixar partir, é uma viagem suicida. Não há a menor possibilidade de você conseguir lutar contra a Piero's Troup. E além disso já é tarde demais, é bem possível que a relíquia já tenha sido vendida ou transportada para muito longe. Esses ladrões têm parceria com dragões de Fireland que dão apoio como transporte. Caso se eles já tenham conseguido contato com um dos dragões, significa que a relíquia tenha já neste momento, atravessado o continente...

- Não chame minha prima como se ela fosse somente um objeto. Ela também é da nossa família. Eu sei que ela ainda está no castelo, eu sinto isso. Não posso ficar aqui parado sem fazer nada. - Gritou Doronie, enquanto ajoelhado diante seu pai. Percebeu-se lágrimas escorrendo de seu rosto. - Eu juro que vou voltar vivo dessa viagem e prometo traze-la em paz... - Terminou sua frase com um silêncio inesperado. Enquanto olhava para seu pai, que se levantara e ia em direção de seu filho. Colocou sua mão sobre a cabeça de Doronie e sorriu.

- Então eu não vou te impedir, acho que está na hora de você aprender algumas coisas sobre a vida. Mesmo que seja por sua conta e risco. Se você morrer, significa que nunca estará pronto para assumir meu trono. Cabe a você a responsabilidade de voltar vivo de sua aventura... Quando você partirá?

- Eu partirei esta noite, na hora mais escura do dia. E levarei Tukoshi comigo.

Tukoshi era o dragão de estimação que tinha Doronie desde que era criança. Era um dragão mágico treinado especialmente para ser um auxiliar no transporte. Era rápido e bom em se esconder. Dragões demoram 15 anos para aprenderem a falar, por isso Tukoshi não se comunicava verbalmente com seu Doronie.

Quando chegou a noite, na parte mais alta do castelo. Onde ficava a torre de vigia e o estábulo dos dragões. Doronie se preparava para a viagem que duraria uma hora até Lancshire. Sua mãe cujo nome era Séfora o acompanhava antes de partir. Séfora era a primeira das três esposas de aminon e quem tinha dado a linhagem nobre para o rei.

Tukoshi abriu seus olhos e contemplou o azul profundo; em suas costas repousava Doronie, com uma espada mágica em seu bolso direito. (SOBRE A ESPADA: Era uma espada fabricada especialmente para guerras, era conhecida como espada boomerang, pois podia retornar as mãos de quem a empunhava, funcionava com magia e requeria um manuseio correto de seu dono.) Alcançaram então as nuvens e em direção ao norte voavam com velocidade. Doronie sentia um leve desconforto proveniente da expectativa da batalha, e pelo seu desconhecimento sobre os inimigos. Sabia-se que a Piero’s troup era temida em todo o continente por ser impossível de neutraliza-los. Não se tinha ideia da quantidade de membros, mas há informações que esse número chega aos milhares. A trupe do palhaço é especialista em invasão de pequenos e médios feudos, com o intuito de capturar e vender suas relíquias. Em suas invasões, sempre levam ladrões com experiência, e assassinos especializados em proteção para assegurar o sucesso da missão.

Depois de 50 minutos sobrevoando a floresta profunda que cerca o começo do reino, Doronie ganhou altitude o suficiente para se esconder por entre as nuvens.

- Certo Tukoshi, chegou a hora deu pular. Preciso que preste muita atenção no que vou te falar. – Disse isso enquanto acariciava as orelhas do dragão. – Preciso que fique de prontidão, e me encontre no estábulo do castelo exatamente daqui há duas horas, lá você vai me pegar e levar de volta para nossa casa...Entendeu?

O dragão fechou seus olhos enquanto balançava positivamente com a cabeça. Então Doronie pulou em direção ao castelo. Enquanto estava em queda livre pôde observar as posições dos que guardavam o castelo pelo lado de fora e percebeu a melhor rota para ir. E também percebeu que seria impossível salvar sua prima, sem antes lutar ou neutralizar inimigos...

O reino era basicamente dividido na área dos nobres e nas áreas comuns, havia um campo onde os nobres caçavam e uma floresta profunda onde todos poderiam entrar. Havia também a área de trabalho dos servos, e sua área de moradia. Doronie preparava pouso na floresta profunda que dava acesso direto ao castelo principal. Na floresta poderia fazer seu pouso sem ser visto.

A queda era grande, mas Doronie usou sua espada como apoio para amortecer a queda a fincando em um dos galhos das árvores. Quando chegou ao chão, tratou de procurar um bom ponto de observação enquanto corria em direção ao castelo. Observou o céu e viu que Tukoshi já havia desaparecido por entre as nuvens, certamente ninguém o notara entrando em ação.

Na copa de uma árvore, conseguiu ver o castelo e uma entrada para o calabouço através de uma torre. Certamente ele morreria se entrasse pela porta principal, por isso o único caminho menos perigoso seria pelas partes mais altas do castelo.

AVISTAMENTO

Haviam dois homens conversando perto de um dos muros por onde Doronie pretendia subir, estavam com a guarda baixa, e não havia mais ninguém ao redor. Doronie sacou sua espada boomerang e a lançou em direção aos dois guardas, que sem poderem reagir a tempo tiveram suas cabeças arrancadas pela espada, que em seguida voltou as mãos de Doronie. Com pulos ágeis subiu ao muro e entrou na ponte que dava direto a entrada do reino.

Ele viu que perto da entrada haviam mais três homens que notaram sua presença, um dos guardas entrou para dentro depois de mandar que os outros dois neutralizasse o invasor. Não duraram muito tempo, e suas cabeças já rolavam por cima do chão frio.

O homem que entrou, emitiu um alerta de invasão e que relatou baixas de companheiros:

“Droga, estamos sofrendo uma invasão. Rápido, já temos baixas confirmadas no posto de guarnição C, na parte de trás do castelo. Mandem reforços”. Antes de acabar de completar sua frase, uma espada toca seu pescoço e seus braços são imobilizados.

“Você é um monstro, seu desgraçado. O que você quer? ” Disse o homem sem poder se mexer.

Doronie então, com a espada pronta para cortar a jugular de seu refém diz:

- Então somos dois monstros, preciso que me diga o que fizeram com o rei? – Perguntou esperando por respostas positivas. Porém o homem que nesse momento já havia perdido esperanças de sair vivo respondeu.

- Você diz Guilherme? Ele já está morto a muito tempo. Você veio para resgata-lo? Sinto muito, mas você perdeu seu tempo. – Disse soltando uma risada sarcástica.

- Eu quem faço as perguntas aqui... onde está a relíquia? Diga-me e eu te pouparei. – Retrucou Doronie tentando negociar informação. Porém seu inimigo sabia que revelar tal informação resultaria em sua morte, pois certamente a trupe o executaria por traição. Ele estava encurralado e sua morte era totalmente certa, por um momento intentou mentir, mas a situação não o permitiu raciocinar precisamente pois estava muito pressionado.

- Faça comigo o que você fez com os meus colegas lá fora, é melhor para mim.

Doronie sabendo que dele não tiraria respostas, lhe cortou o pescoço e o golpeou no coração para não agonizar. Ele já tinha uma ideia de que sua prima estava no calabouço do castelo, pois lá era o lugar que mais fazia sentido de ela estar. Porém queria ainda assim confirmar tal informação.

Suas mãos estavam molhadas de sangue, e isso não o incomodou. Era a primeira vez que ele matava, por isso ainda assim lhe restava uma sensação estranha na mente. Martelava a lembrança de seu irmão o pressionando contra a parede e lhe olhando dentro dos olhos. Disse que era injusto um irmão ter que ser tratado como um serviçal, enquanto o outro vive como um rei. “Um rei fraco e que não conhece o mundo em que vive, não durará muito tempo. ”

Aquelas palavras eram carregadas de rancor e pena, não é como se seu irmão sentisse inveja dele. Apenas não aceitava o fato de seu irmão mais novo não conhecer a realidade do mundo que o cerca. Assim como Nama, o seu irmão chamado Killie também era uma relíquia (com poderes de benção e maldição). Naquele dia em questão, Killie movido de forte emoção amaldiçoou seu irmão mais novo: “ Alguém fraco como você precisa de poder, eu pessoalmente vou te amaldiçoar com um poder maior que todos os que eu já amaldiçoei. “

Haviam dois acessos aos andares de baixo, um é por uma escada de serviço, enquanto a outra era pela escada principal. Doronie optou pela primeira, já que havia a probabilidade de encontrar inimigos pela principal. Enquanto descia, conseguiu observar por uma fresta, que alguns homens saqueavam os tesouros do castelo e levavam para o lado de fora, e alguns outros com espadas empunhadas em suas mãos subiam pela escada principal.

“Devem estar me procurando, não vão demorar muito para perceberem minha posição.” Pensou Doronie enquanto descia as escadas.

Terminara as escadas, e ele se encontrava agora no subsolo. Atrás da porta que leva ao caminho do calabouço, havia uma sala onde se encontravam cerca de 15 homens reunidos. Em outro momento, ouviu Doronie que pela escada que descera, descia agora mais homens que já perceberam onde ele estava. O jovem príncipe está encurralado, sem direção de fuga. Sua única escolha é uma luta inevitável e inadiável.

Ele abre a porta suavemente como se estivesse ali ao acaso, olha simpático aos homens, que por sua vez o olham também surpresos. Um segundo de silêncio separa seu primeiro contato e então quebrando o gelo diz Doronie:

- Então era aqui que vocês estavam, certo? Estive procurando vocês por todo o castelo. Estamos precisando de ajuda lá em cima, não tem gente suficiente para carregar toda aquela tralha. – Disse ele sem fazer contato visual direto. Então um dos homens sem perder tempo grita:

- Escuta aqui seu moleque, não percebe que estamos nos divertindo agora? E que merda de roupas são essas que você tá vestindo?

- Não te interessa. – Alguns dos homens lá dentro riram quando ele disse isso. – O que você quer dizer com diversão? – Perguntou Doronie, e em seu rosto via-se uma expressão destemida, que empolgou todos os que estavam na sala.

- Vamos Naiô, mostre pra ele o que estamos fazendo. – Naiô era um dos capangas, eles abriram espaço e atrás daqueles homens reunidos: Restos mortais...

Havia um homem deitado na mesa, metade de sua cabeça ainda estava visível (a outra metade havia sido cortada), suas duas pernas não existiam mais, e sua mão esquerda estava com pregos dentro dos dedos. Porém o mais estranho que era, ele ainda estava vivo...

O moribundo virou seu rosto para ver quem havia acabado de entrar, para sua surpresa, era o filho de seu rei. “Doronie... é você? Doronie é você mesmo? Por favor eu te suplico, me ajude. Me tire daqui, eu não sinto meu corpo...” Naquele instante, Doronie percebeu de quem se tratava o corpo. Era do arauto que seu pai havia enviado para negociar com os ladrões. Ele estava deitado numa mesa, e partes de seu corpo haviam sido removidas, porém inexplicavelmente ele continuava vivo. Perto da mesa, um homem estava sentado com os olhos fechados estendendo suas mãos para onde o arauto estava deitado.

Enquanto Doronie observava a cena, tentou disfarçar (o arauto havia denunciado a identidade do príncipe) ignorando aquelas palavras. Porém ele mesmo estava abismado com tal evento. Perguntou o que havia acontecido:

- Esta é uma técnica especialmente desenvolvida para torturas, chama-se “Anjo da calamidade”. Aquele homem que você vê com as mãos estendidas, pois bem... Ele é o responsável por isso. Estamos torturando este homem que chegou não faz muito tempo tentando negociar, porém agora está servindo de boneco de tortura. Ele não morrerá, até que o responsável pela técnica o libere, enquanto isso todos os ferimentos que fazemos nele não o matará, porém lhe farão sentir dor insuportável. – Explicou Naiô, que neste momento pega uma estaca e enfia na garganta do arauto do rei.

Doronie sem reação, não pode nem mais se mover, sente-se em choque ao presenciar tamanha crueldade com uma pessoa próxima a ele. Naiô pergunta se ele também quer se divertir, Doronie nega com a cabeça. No mesmo instante a porta atrás dele se abre, e entram mais homens com espadas nas mãos, apontando para Doronie dizem:

- Este é o desgraçado que matou nossos colegas.