UNI VERSOS POSSÍVEIS

E no fim da criação, a última pergunta:

Não há um sentido,

tudo ainda deve explicação?

Um dia a natureza terminou sua obra,

o universo,

mas faltava justificar a tarefa,

esclarecer qual o pretexto do engenho.

Então se pensou em tornar efetivo

a existência de um Deus criador

ou muito menos,

criar algo,

uma forma palpável

e partir para uma metáfora.

Primeiro veio a figura:

o osso Hioide,

no meio do pescoço humano

e sem ligação

com qualquer outro esqueleto.

“O universo é um osso Hioide!”

Metaforicamente

O hioide é perceptível

e, no entorno, os músculos.

O universo é detectável

e ao redor a matéria escura do espaço.

Não é por aí, pensaram.

O osso hioide

pode ser mais simples

sendo ainda mais metafórico.

O hioide é um colar!

Mostra intenções de beleza

ao redor do pescoço.

Então pode revelar isto:

se querem ornar ali,

também há intenções de beleza no universo

e isso antes da invenção dos colares,

antes do cinturão de asteroides,

dos anéis de Saturno.

Mas para que a metáfora? – disseram.

O osso apontava propósitos,

mas não uma razão para o inusitado;

e a consciência

será sempre limitada, impalpável, frágil

diante de eternas leis da Física:

o planeta Terra em órbita descreve uma elipse

em que o sol ocupa um dos focos.

Isto eles perceberão.

Precisamos mesmo explicar a obra? – indagaram.

Um dia a natureza terminou sua obra,

Então julgaram mais fácil apenas comparar,

deixar um Deus criador

como sugestão humana

mas se apropriar das órbitas:

o universo descreve como rumo

órbitas elípticas, parabólicas, hiperbólicas

órbitas da vida e da morte

e para quem quisesse

órbitas poéticas.

Do livro: As sondas amam

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 04/01/2019
Reeditado em 08/10/2019
Código do texto: T6543029
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