Apólogo - O Salgueiro e a Cerejeira

A Cerejeira resolveu provocar, por meio de soberba, o humilde Salgueiro:

_ Eu sou filha de um Deus que me criou à sua imagem e semelhança. Sou de tronco e de galhos fortes; meus frutos, os mais saborosos; minhas folhas e minhas flores, as mais belas; a sombra de minha copa, o melhor refúgio àqueles que de sol... Você, Salgueiro, só pode ser filho de um outro deus que o representou a suas características, ou seja, o oposto de meu Criador. O teu deus é fraco, pobre árvore!

O Salgueiro nada disse. Nada tinha a dizer e em silêncio reconheceu como retórico o discurso da Cerejeira e não se abalou. Ele nunca se abalava.

Em corridos dias, o sabido inverno chegou e com ele uma surpreendente nevasca. A bela árvore resistiu ao máximo que pode o peso de neve acumulado em suas folhas e em seus galhos, mas resistir ao máximo que pode não foi o suficiente para evitar a sua triste e certa decadência. Já o Salgueiro pouco reteve de neve em suas folhas escorregadias, e, assim, quase nada sofreu.

Moral: A Força é uma questão de Física e não de físico.