Os olhos de Luiza Cap 9

Uma nova amiga

Otávio dormiu feliz, sonhou com nuvens brancas e carneirinhos de algodão. Ele acordou animado, foi para escola serelepe.

Na sala de aula o menino pensava nos grandes olhos de Luiza, pensava na menina aprisionada, pensava na ânsia de ter que guardar um segredo, parecia mesmo uma aventura secreta.

Chegou em casa no "vôo da fênix", pôs-se a ajudar a mãe num entusiasmo diferente.

Lúcia indagou o filho dizendo:

- Otávio, o que aconteceu na escola hoje? Você está tão animado.

Otávio parou pensando no que responderia para sua mãe.

- É que, é que, a aula de português foi muito legal.

De súbito o menino pegou a vassoura e começou a varrer o quintal, para cessar as perguntas de sua mãe.

Depois que fez a tarefa escolar, o menino pegou dois pedaços de bolo embrulhou- os num pano de prato falou pra sua mãe que ia brincar com o bebêzinho da Rute e saiu.

Subiu a frondosa árvore num pé só. Observou que no quintal de Luiza havia uma enorme escada já ajustada para que ele pudesse descer, avistou a menina que o esperara, desceu sem medo com um sorriso escancarado que alegrou a Luiza.

- Pensei que não viesse.

- Porque?

- Não sei, depois que perdi todos os meus amigos da escola que estudava, achei que não teria como fazer novas amizades, estando aprisionada aqui.

Otávio engoliu as palavras de Luiza obtendo um nó na garganta, mas ficou feliz que ela tivesse o chamado de amigo.

- Se aceitar virei aqui todos os dias para brincar com você.

- Será um prazer senhor Otávio.

Exclamou a menina reclinando-se para ele, se imaginando como uma princesa.

Otávio deu a ela o pedaço de bolo, a menina devorou-o num piscar de olhos.

- Que delícia de bolo, obrigado.

O menino cruzou os braços olhando aquele enorme quintal e questionou:

- Então Luiza, como será que se diverte por aqui?

Luiza deu de ombros expressando que não sabia, logo o menino pegou uma corda que estava jogada num canto amarrou uma ponta na árvore, e com a mão na outra ponta começou a enrola-la e bate-la no chão.

- Vamos ver se sabe pular corda?

Luiza olhou-o com seus grandes olhos e falou:

- Fui campeã de amarelinha onde eu estudava.

Eles começaram a cantar as cantigas. "O homem bateu na minha porta..." etc, etc. Entre várias outras e aconteceu que naquela tarde Luiza voltou a sorrir, viu no amigo uma nova esperança, uma luz na escuridão, seu coração explodiu de alegria.

Na despedida a menina o abraçou, ele sentiu- se em paz e prometeu fielmente o seu retorno no dia seguinte.