POR QUE ESCREVI...

(a título de prefácio)

POR QUE ESCREVI...

Olá caro leitor, gratidão por estar comigo nessa jornada literária.

O que significa para mim ler e reler (perdi a conta das vezes) O Pequeno Príncipe?

Um Desafio cada vez maior a cada releitura, tanto que tenho alguns exemplares do mesmo assunto.

Também pesquiso em sites, a opinião de diversas pessoas. Desde as pessoas comuns e fãs, iguais a mim, àquelas que detestam esse livro e o seu escritor.

Opinião de psicólogos, psicanalistas... etc e tal.

Sou fã de carteirinha do Antoine de Saint-Exupéry e do seu O Pequeno Príncipe, leio tudo que consigo encontrar.

Li O Pequeno Príncipe, pela primeira vez creio, aos 12 anos (1965), na biblioteca do colégio.

Já então amava escrever, porquanto era muito calada e usava a leitura e a escrita como válvula de escape.

Desde a primeira leitura de O Pequeno Príncipe, resolvi escrever a minha versão do livro.

Entretanto, a vida me levou por outras paragens, onde eu não conseguia revê-lo.

O tempo foi passando e quando me peguei com dinheiro, comprei um exemplar, mas cai na cilada de emprestar… não me devolveram, perdi.

Comprei outro e recomecei a ler.

Em 2015, voltei a reescrever uma adaptação/versão desse clássico, contando da forma que eu poderia haver escrito essa bela história, se tivesse talento suficiente para tanto.

Saí escrevinhando… sob o título: ELE, O MEU AMOR… MEU PEQUENO BEIJA-FLOR… terminei, finalmente!

Necessito, entretanto, explicar por que escrevi ELE, O MEU AMOR... MEU PEQUENO BEIJA-FLOR, e para isso peço ao leitor que me entenda. Justifico o meu pedido, informando que sou uma pessoa avessa a situações mal resolvidas, na minha vida, e sempre que algo assim acontece, só descanso após resolver.

Sempre que re-leio O PEQUENO PRÍNCIPE, algo mexe comigo. Porquanto, todas as vezes, descubro alguma situação, uma palavra, um objeto que se me apresenta de uma forma diferente, com uma nova possibilidade.

Caro leitor, justificar por que escrevi ELE, O MEU AMOR... MEU PEQUENO BEIJA-FLOR é lhe pedir que me entenda. Sou uma pessoa avessa a situações mal resolvidas.

Na primeira leitura fiquei pasma com a situação do piloto e imaginei que ele estava acometido do delírio do deserto... e o pequeno príncipe que lhe apareceu, era uma miragem.

Já numa segunda oportunidade, a delicadeza do “___Por favor... desenha-me um carneiro!” se agiganta diante da sabedoria critica daquela criança... da sua visão subjetiva.

Fiquei vários anos sem ter acesso à leitura do citado livro. Quando a oportunidade apareceu, já o vi de outra forma. Observando o comportamento do pequeno príncipe, seu jeito de perguntar e não desistir da resposta, sua obstinação em não responder às perguntas que lhe eram feitas, me fez crer que ele era uma criança exigente e malcriada.

Numa outra oportunidade os personagens habitantes dos asteroides me deixaram numa posição incomoda.

Primeiro – percebi que as pessoas e os seres não tem nome, como seria normal - O Pequeno Príncipe D. Fernando de Tal e Tal… no entanto, é simplesmente – O Pequeno Príncipe, O Aviador, A Rosa, Os Vulcões, A Raposa, O Rei… e vai. Gosto de chamar as pessoas pelo nome, bem como os animais, plantas, objetos, acidentes geográficos… coisa chata não saber o nome de ninguém… de nada!

Segundo – por conta das situações sem resolução da história de cada um dos habitantes dos asteroides.

Terceiro – por que apesar de não ser numeróloga, sou apaixonada por numerologia. Percebi que todos os asteroides são numerados... parecendo uma simbologia, apesar do escritor do livro em questão detestar números e explicar o por que de confiar “o seu número e detalhes” ao leitor “... é por causa das pessoas grandes.”.

Quarto – por que fui criada livre, numa vastidão de céu e campo aberto... até os quatro anos de idade. Daí em diante fui confinada num local entre paredes e muros, onde havia hora para tudo. Mas, ali também era um lugar amplo, arejado, iluminado, completo e onde podia interagir com várias pessoas.

Já em O Pequeno Príncipe, sua “morada” é um planetinha despojado, que segundo o escritor tem por nome Asteroide B 612. Percebi que em momento algum o Pequeno Príncipe mencionou seus iguais, sua casa, objetos, utensílios, com exceção de uma redoma para abrigar a sua excêntrica Rosa. Lá, no asteroide, só existiam, além dele, essa rosa extremamente vaidosa e egoísta; três vulcões, sendo um já extinto; sementes de baobá e flores efêmeras de uma só fileira de pétalas. Foi desse portal que o Pequeno Príncipe, sem nome, fugiu, se aproveitando da “migração de pássaros selvagens, por conta do caprichos exagerados da sua rosa.”

E, a partir dai tudo acontece como num rodopio. Ele vaga de asteroide em asteroide até aportar no planeta Terra!

A primeira parada é no asteroide 325, talvez menor que o seu próprio, habitado por um rei que apesar de orgulhoso, dava apenas ordens razoáveis. Era um sujeito simples, portanto um bom rei.

Na sequência visita o asteroide 326, cujo habitante era um ser despropositadamente vaidoso. Uma cópia histriônica da sua Rosa?

Ao chegar no asteroide 327, percebe que esse é habitado por um bêbado... de pensar distorcido. Praticar um ato para esquecer que o praticou, ao meu ver, soa como uma distorção.

No asteroide 328, ele encontra um empresário, com a conotação mais desprezível que existe: INUTILIDADE.

O quinto asteroide era o de número 329, o menor de todos. Habitado por um acendedor de lampiões que não tinha noção de coisa alguma que não fosse obedecer a ordem de manter aceso/apagado – um lampião.

O sexto asteroide é o 330, habitado por um geógrafo que baseava seus conhecimentos nas informações de outras pessoas, levando em consideração o fato do informante só falar a verdade e não beber... fora isso, nada mais era questionado.

E, finalmente ele aporta no planeta Terra.

Para não me alongar muito mais (sou prolixa mesmo), só resta dizer que me determinei resolver os problemas que a leitura despertou em mim, enquanto observadora da Minha Alma Imortal.

Ele é uma criança? Tudo bem, mas dentro do seu desconhecer existe algo que me encanta o tempo todo: sua determinação em aprender, encontrar respostas que anulem o seu não saber. Seu respeito pelas palavras de quem lhe ensina “Quando o mistério é muito impressionante, não ousamos desobedecer¹.” Seu intimo questionamento quando percebe que a resposta recebida não está de acordo com o seu entendimento sobre determinado assunto. “As crianças devem ser muito indulgentes para com as pessoas grandes².”

Há uma frase do Pequeno Príncipe que consegue dar nó no meu modo de pensar e ver a vida: “____Eu ___ disse ele, ainda ____Possuo uma flor que rego todos os dias. Possuo três vulcões que revolvo toda semana. Porque revolvo também o extinto. A gente nunca sabe! É útil para meus vulcões, é útil para minha flor que eu os possua! Ma tu não és útil às estrelas...”.

Concluo, no meu singelo modo de entender, e a título de justificativa, não é pelo “possuo” e sim pelo “sou útil”, uma vez que não possuímos coisa alguma… é tudo emprestado, por um tempo.

Outro detalhe que me deixa encanfifada: o meio de transporte (os pássaros) paravam e alçavam voo de cada asteroide, pousando e levando consigo o Pequeno Príncipe, não é o que parece? No entanto ao chegar na Terra… sua sétima parada, ele foi convencido e aceitou ser picado por uma serpente (suicídio?) para poder retornar ao “seu lugar” e não levar seu corpo… “é pesado demais, tu me entendes...” Não entendi… sua massa corporal se modificou ao chegar na terra, tornou-se pesada por demais, impossibilitando que os pássaros o levassem de volta? Se ele veio com os pássaros, por que não retornou com eles? Por que ele teve que morrer?

Até hoje, sempre que posso, re-leio esse clássico da literatura atemporal – O Pequeno Príncipe. Alguém pode me questionar, afirmando que O Pequeno Príncipe é só uma história… para mim é muito mais que isso. É A Ponte sobre O Abismo. E, assim sendo, ele é um Mapa extraordinário, contendo todos os detalhes que necessito para caminhar sobre Ela, A Ponte, enfrentar o deserto, pois quando eu sentir sede… saberei que… “ele esconde um poço em algum lugar³” e até entender os caprichos de uma rosa egoísta “Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava… não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis.”

OBS: Revisando...

Adda nari Sussuarana
Enviado por Adda nari Sussuarana em 21/12/2020
Reeditado em 21/12/2020
Código do texto: T7140835
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