PROJETO DE AMPLIAÇÃO DA TEMÁTICA DO BULLYING: ORIENTAÇÃO SOBRE O CUTTING E SUÍCIDIO

J B Pereira – professor Português – 24/05/2021.

Projeto aos meus queridos amigos da Nossa Escola Integral:

Escola Estadual “Prof. Hélio Penteado de Castro”

Prezada Diretora Escola Flávia Modolo e sua Vices-Diretoras Sandra G. Ferreira e Márcia (Noturno), Coordenadores pedagógicos e professores.

“O mal-estar na civilização é uma penetrante investigação sobre as origens da infelicidade, sobre o conflito entre indivíduo e sociedade e suas diferentes configurações na vida civilizada.” Resumo de O mal-estar na civilização (1930-1936)

"Eu interrompi minhas conferências para devotar-me completamente ao livro que estou preparando sobre O Suicídio. Eu espero que quando ele apareça as pessoas terão uma melhor compreensão da realidade do fenômeno social sobre o qual elas não concordam comigo, porque o que aí eu estudo é a disposição social para o suicídio (le courant social au suicide), a tendência dos grupos sociais para o suicídio, isolada de suas manifestações individuais (por abstração certamente, porque a ciência não isola seu objeto de nenhuma outra maneira)." Durkheim em carta para Bouglé, datada de 16 de maio de 1896 (Lukes, 1977, p. 193). FONTE: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1998000100002

Introdução

O presente projeto é sugestão de iniciativa para todo o ano para inclusão junto ao projeto contra o bullying, cujo ápice pode ser Setembro Amarelo, momento maior de reflexão sobre o suicídio e o cutting ou automutilação. “O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.” (FONTE: https://www.setembroamarelo.com/ )

Depois do pioneirismo dos estudos de Durkheim, ainda existem as preocupações crescentes com a globalização dos sintomas do bullying em novas formas midiáticas. Estas já vêm marcadas por novas impostações e artigos acadêmicos e novas posturas da escola pública para conter automutilação e suicídios entre adolescentes.

Depois de Freud, outros ideólogos, cientistas, educadores exigiram políticas públicas e novas intervenções na escola e na sociedade.

Com Giddens em 1981 e outros filósofos repensaram as ideias de Durkheim desmistificando o suicídio e reforçando dispositivos mentais e patológicos no comportamento suicida.

Coube a muitos aprofundar as causas complexas do suicídio, podemos citar o famoso Halbwachs em 1930, marco de novas discussões em pleno século XX.

Surgiram, então, cursos e especializações em neurociência e psicopedagogia e psicologia clínica. Jô Alvim, em 2021, é uma das preocupadas com o cutting como sinais de risco de morte e provocação ao suicídio em seu questionamento: O que leva alguém a se cortar?

O Mal-estar da cultura (1930-36) é tema controverso sobre a infelicidade ou a traumática vida interior de indivíduos à luz da psicanálise desde sua origem no século 19 e sua divulgação no sec. 20. Os estudos primeiros, diferente da sociologia de Durkheim e positivismo de August Comte, remete ao contexto das doenças intrapsíquicas como neuroses e psicoses. Doenças da mente ou da alma ou da cultura.

Se o suicídio teve noções ideológicas diferentes ao longo do tempo ninguém duvida, contudo é com a psicanálise e antes com o cristianismo passou ser vista como

"A automutilação, ou cutting - cortando em inglês -, é um transtorno que consiste em agredir ou ferir intencionalmente o próprio corpo através de cortes, arranhões, beliscões, queimaduras, puxões de cabelo ou tapas. O distúrbio pode começar em qualquer idade, porém, na maioria das vezes, ocorre na adolescência."

"No que consistem as ações de prevenção? As ações de prevenção são aquelas feitas antes da escola ter um caso de suicídio dentro da comunidade. Elas consistem, portanto, em sensibilizar alunos e professores sobre o tema e em desenvolver ações que possam melhorar o diálogo e o clima escolar para evitar suicídios e outros transtornos de saúde emocional."

Fonte: https://convivaeducacao.org.br/fique_atento/1860

REPENSAR BREVE AS PRÁTICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

O Estado de SP já vem nos posicionando à observação do alunato e seus paradoxos existenciais a algum tempo dentro dos aspectos da legislação, do currículo paulista atual, das iniciativas do Conviva-SP, as conexões dos projetos escolares em face ao bullying, a denúncia à exploração sexual de menores etc.

Nesse amplo prisma de reflexões e ações, contemplamos cartilhas específicas e vídeos, palestras e outras iniciativas de diversas escolas e programas do Estado de SP.

Há de se ver com cuidado os sinais nos adolescentes da nossa escola em suas narrativas e marcas no corpo ou no braço como sinais de alerta contra o cutting e talvez do suicídio precoce, cada vez maior na estatística.

Para além dos números, em si, caso preocupante, vemos vidas concretas que nos importam.

Trata-se de quadros incipientes de saúde coletiva destes tempos cujos sinais são cada vez mais desafiantes para a sua identificação em tempo oportuno para evitar riscos à vida e à saúde dos nossos adolescentes. Os pais às vezes não os percebem, ou têm vergonha de os enunciar ou pedir ajuda... E a escola, aos detectar pode promover uma ação prudente com a família e outros profissionais da escuta e da cura, como: psicólogos, psiquiatras etc.

O percurso dos professores nestas questões, geralmente, é tímido e pouco nesse alerta e percepção. E o mudo mental nem sempre está tão exposta a nós na escola e na família.

Os problemas com que nos confrontamos é: a ansiedade, crise de gênero, automutilação dentre outros.

Essas vulnerabilidades nos exigem estudos e observação especial na rotina da vida de sala de aula e na presença pedagógica na escola ou pedagogia da presença a fim de encaminhar casos aos diretores e aos coordenadores pedagógicos, aos familiares, aos profissionais específicos... aos tutores, também.

Impactam tais vulnerabilidades não só a pessoa em si como as suas relações sociais e escolares e seu projeto de vida e protagonismo juvenil.

O cuidado em abordar o tema, o acesso ao mundo mental em si com o registro devido, encaminhamento em equipe, diálogo com os pares, acesso aos serviços de saúde, aval da família etc. são os caminhos primeiros da atitude de respeito ao adolescente em risco.

Conversa aberta significa solidariedade, afetividade, apoio e ouvir muito ao adolescente carente de cuidados e atenção básica e essencial.

SUGESTÃO POSSÍVEIS:

1. Promover palestras bimestrais sobre os temas acima abordados;

2. Recorrer se necessário à consideração e à sala de recursos especiais da escola;

3. Capacitar os professores para conhecer mais sobre tais temas;

4. Realizar mapeamento de riscos de casos se os tiver com a ajuda de professores, funcionários, grêmio, familiares, as narrativas e comentários dos alunos conforme uma enquete de questões após palestras com tempo hábil pra que todos respondam a tais perguntas (que serão analisadas e cotejadas ou encaminhadas, conforme cada caso);

5. Solicitação de palestrantes engajados e competentes, profissionais da escuta formados e atualizados, psicólogos, psiquiatras, médicos etc.

6. Verificar com os responsáveis os sinais ou sintomas, comportamentos, medicação, se há tratamento ou profissional acompanhando o aluno ou a aluna;

7. Conhecer mais o adolescente e seu lar, o contexto da turma ou o conflito existencial e com quem ele mais gosta de conviver seja em casa seja na escola ou outro local para mapear os sinais e comportamentos;

8. Encaminhar casos ou pedir ajuda aos profissionais competentes;

9. Manter sigilo ou comportamento respeitoso sobre os casos percebidos ou encaminhados.

10. “No entanto a psicoterapia é fundamental uma vez que é um espaço onde estes jovens possam expressar suas dores e angústias e buscar formas mais saudáveis de lidar com as mesmas.” (FONTE: artigo de Jô Alvim em: O que leva alguém a se cortar?, veja link abaixo nas referências).

CONSIDERAÇÃO

Diante dos desafios da sociedade pós-moderna, modernidade líquida, crise dos valores e agora assolada pela pandemia, cabe-nos apoiar nossos adolescentes e jovens rumo à convivialidade, qualidade de vida e saúde.

Sabe-se que o exemplo, iniciativas e atitudes dos adultos e professores, por mais despretensiosas, aos olhos dos estudantes, são ressignificadas como afeto, cuidado, focadas ao respeito a eles e a cultura deles.

Nesse contexto, a mídia e os seus recursos são bons. Contudo, as armadilhas e incentivos negativos perseguem tanto adolescentes e até adultos.

O respeito e o cuidado à vida estão nos projetos pedagógico e democráticos de nossa escola quando elegeu o combate ao bullying.

Agora, sugerimos a extensão de incentivo e palestras contra a automutilação ou cutting e o suicídio, ainda em aumento a cada ano, seja na família, seja nas escolas.

Com certeza, nossas iniciativas como incrementação/fortalecimento do projeto escola exposto acima, nessa direção, sem percebermos, pode fazer sentido aos ouvintes como estudantes nossos.

Assim, terá aspecto preventivo salutar e orientador. Poderá ter observação dos sinais desses sintomas de mal-estar individual ou coletivo, quando alunos tentam tomar remédios além do limite ou outros sinais estranhos como a automutilação.

REFERÊNCIAS

CURY, Augusto Ansiedade: Como enfrentar o mal do século. 2013

CURY, Augusto Ansiedade 2: Autocontrole. Como Controlar o Estresse e Manter o Equilíbrio. 2016

CURY, Augusto Nunca desista de seus sonhos. Editora Sextante.2015.

DUARTE NUNES, Everardo. O Suicídio: reavaliando um clássico da literatura sociológica do século XIX: Departamento de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. Cidade Universitária "Zeferino Vaz", Cad. Saúde Pública vol.14 n.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 1998. Campinas, SP 13081-970, Brasil. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1998000100002>. Acesso em: 24/05/2021.

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. 1ª edição. Editora Penguin ou Companhia das Letras, 2011. 96 páginas.

GIDDENS, A., 1981. As Ideias de Durkheim. São Paulo: Editorial Cultrix.

HALBWACHS, M., 1930. Les Causes du Suicide. Paris: Felix Alcan.

JÔ ALVIM (psicóloga clínica; neuropsicóloga pela USP). O que leva alguém a se cortar? Terça-feira, 24/01/2017, às 07:54. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/blog/psicoblog/post/o-que-leva-alguem-se-cortar.html#:~:text=A%20automutila%C3%A7%C3%A3o%2C%20ou%20cutting%20%2D%20cortando,das%20vezes%2C%20ocorre%20na%20adolesc%C3%AAncia.>. Acesso em: 24/05/2021.

14 QUESTÕES SOBRE SETEMBRO AMARELO, suicídio e saúde mental na escola. 12/09/2019 | Nova Escola/ Foto: Getty Images. Disponível em: <https://convivaeducacao.org.br/fique_atento/1860>. Acesso em: 24/05/2021.

A campanha SETEMBRO AMARELO ® salva vidas! Disponível em: <https://www.setembroamarelo.com/>. Acesso em: 24/05/2021.

J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 24/05/2021
Reeditado em 24/05/2021
Código do texto: T7262999
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