E o nosso futuro...

Por vezes, no quarto claro

Sozinho, é tão escuro

Procuro o que é seguro

Transmuto, mas não me iludo

Imundo, meu ser de verde

No fundo, ver de novo mundo

Lá fora

A hora traz a partida

Agora a despedida

Nas idas atrás da vida

E a lida

Leitura passa palavras

Estradas, encruzilhadas

Cancelas, portas, janelas

Saídas, entradas, bilhetes

E ela

Na dela

Sem ver que o meu passar

É so mirar nos olhos

É atirar no peito

É ser amor perfeito

E nem só de prato feito vive o homem

Que jeito de se pensar na solidão

Se o falar da consciência

Muitas vezes violência

Faz calar o coração

Não vou desesperar jamais

Pois ainda corre o sangue

Não vou desesperar jamais

Pois ainda brota o gozo

Não vou desesperar jamais

Pois ainda há lágrimas a escorrer

E a ferida descarnada

De um amor dissimulado

De olhar falsificado

Feito uísque paraguaio

Pra mim basta

Bosta há no pasto

E lá há ao menos ilusão

Eu sou de carne e osso

Mais pele sobre o osso

Desgosto

No rosto, marcas profundas

De toda sofreguidão

Escarro toda a cultura

E sei que a essas alturas

Guiarei na contra-mão

Um ônibus quase lotado

De prostitutas e viciados

Ambos desamparados, desesperados

Dispensados de todo o sistema cristão

Na mão do acaso

Quase sempre são levados

E o seu lar agora é a laje

Em que o mais rico usa o mármore

Ostentando sua morte

Esse os vermes também comem

E cagam

E o nosso futuro

Vai à merda

Jefferson Moraes
Enviado por Jefferson Moraes em 15/04/2006
Código do texto: T139501