O Muso Atormentado e a Poetisa

Ah! Todas as vezes que eu te ligo
Tu falas sempre desse amigo,
A quem tu confias teus rabiscos,
Teus escritos, manuscritos,
Teus amores, teus delírios.
Eu me zango, mas não digo
E em nefastos descompassos
Dos meus nos teus braços
Esqueço desses rumores de amores
Eles não existem
São só poemas muito tristes,
Em teus arvores de poetizar.

Ah! Todas as vezes é domingo,
E eu me perco em labirinto,
Quanto percorro teus amigos
Nos teus livros,
Nos teus gemidos,
Estampados na varanda
De onde avistas o paraíso,
E dependuras teus vestidos
Transparentes, coloridos a tremular.

Ah! Minha doce amante amiga
Não é preciso que me digas
Sei que sofres com teus versos
E por mim, num só reverso,
Te transformas em mendiga
Me implorando sem medida
Amores que eu não posso dar.