Vai ter baile no galpão

“— Alô! Mãe...

— Alô! Meu filho… tudo bem?

Aconteceu alguma coisa?

— Não mãe…tá tudo bem.

Mãe, fala pro meu irmão:”

Botar a costela no espeto.

E a cerveja pra gelar.

Convidar as chinas mais lindas

Que tiver na região.

Eu tô loco de faceiro.

Tô com a guaiaca florida.

E de volta no rincão.

Já tratei com o tio Romeu.

Vai ser gaita e violão.

Música pra todo gosto.

Da valsa a chimarrita.

Do bugio ao vanerrão.

É baile pra toda idade.

Tem piá de andador.

Vô com bengala na mão.

Quem não quiser que a cabrita dance,

Que amarre no espigão.

Mete azeite nas canelas.

Vai ter baile no galpão.

Pode chamar quem quiser.

É festa pra batalhão.

Aqui cusco ganha raça.

Agregado vira patrão.

Eu tô loco de faceiro.

Tô com a guaiaca florida.

E de volta no rincão.

No churrasco, conto com o prefeito.

Pra entrar com a escavadeira.

E fazer o buraco no chão.

O sal, a lenha e os espetos

Vão chegar de caminhão.

Madeira legalizada.

Pra evitar complicação.

A lei aqui é uma:

Gastar a sola da bota.

Levantando poeirão.

Eu tô loco de faceiro.

Tô com a guaiaca florida.

E de volta no rincão.

Arreda as mesas.

Chacoalha as cadeiras.

Vamos fazer um barulhão.

Gurizada mete pata.

Indiada velha esquenta os quartos.

Aqui dentro do salão.

Hoje é festa no galpão.

Eu tô loco de faceiro.

Tô com a guaiaca florida.

E de volta no rincão.

“— Entendeu, mãe?

— Mas, filho, hoje é segunda-feira…”

Alex Dahlke
Enviado por Alex Dahlke em 01/02/2011
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