ALMA DE SANGA, SONHO DE RIO

E foi bem assim que o tempo

Lhe viu a seguir os seus dias...

Às vezes com alma de sanga

Em outros, com ela vazia...

E viu que um homem calado

Entregue ao seu próprio estio

Ressente sua alma de sanga

Chorar por seus sonhos de rio...

Também foi assim que o campo

Cruzou seu olhar estendido

Mirando um sonho adiante

Com olhos de sonhos perdidos...

E olhando pra dentro de si

Querendo ser rio mais à frente

Chorar como nunca se viu

Por que se perdeu da vertente...

Um homem e mais nada foi visto

Nem sanga, nem sonhos, nem rio...

Apenas mais um entre tantos

Perdido em seu próprio vazio!

Talvez um dia seus sonhos

Depois de muitas andanças

Encontrem um lugar pra ficar

Num tempo de nova esperança...

E a alma de sanga que leva

Sonhando em ser rio novamente

Não chore por algo perdido

Mas cante a alegria presente!

E o tempo não mais vai lhe ver

Seguindo estes dias a esmo

Com o jeito de quem se procura

Sem nunca encontrar a si mesmo

O campo não mais vai cruzar

Dois olhos de alguém em estio

Tampouco uma sanga chorando

Por nunca chegar a ser rio...

Um homem com brilho nos olhos

Verá quem passar bem de perto

Com o peito repleto de sonhos

E os sonhos singrando libertos!

Ezequiel da Rosa
Enviado por Ezequiel da Rosa em 24/11/2011
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