Aiyra Ibi Abá

Homem branco chegou aqui

E me perguntou

Quanto custa essa terra?

Só falar que eu te dou

Mas eu não entendi

Índio não entende

Minha terra é minha mãe

E a mãe não se vende

Minha terra é minha mãe

E a mãe não se vende

Eu agradeço a mensagem cálida

Mas cara pálida sua proposta não é válida

A vida não é propriedade de quem vence a guerra

A Terra não pertence ao homem, o homem que pertence à Terra

E aí que você erra, pois não se pode comprar

A clareza da água, a pureza do ar

Eu não sou dono de nada, nada disso é meu

Tudo isso é um presente que a natureza nos deu

Veja bem, esse rio é sagrado pra nós

Ele que matou a sede dos nossos avós

Ele corre em nós, como sangue na veia

E é da seiva do solo que sai nossa ceia

Receio, que ainda assim você não entenda

Já que em sua sociedade tudo está a venda

Mas índio se defende, e índio não se rende

Pois a honra para nós não é uma questão de renda

Homem branco chegou aqui

E me perguntou

Quanto custa essa terra?

Só falar que eu te dou

Mas eu não entendi

Índio não entende

Minha terra é minha mãe

E a mãe não se vende

Minha terra é minha mãe

E a mãe não se vende

Veja, na natureza não há cobiça

A gente tira o que precisa, nada se desperdiça

Dizem que índio tem preguiça, mas é que não é normal

É o cúmulo tamanho acúmulo de capital

Esse mundo tá doente perdido

Se não posso deixar posse apenas passo a lição do ente querido

Não faz sentido, trabalhar a vida inteira

Por coisas que cedo ou tarde vão parar numa lixeira não

Eu não entendo sua maneira de vida

Seu progresso não passa de uma manobra suicida

Meu povo vive

Em igualdade liberdade e você chama sua sociedade de evoluída

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Aiyra Ibi Abá

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Aiyra Ibi Abá

Ultimamente quando eu ando pela terra

Escuto o prenúncio de uma guerra

Do homem que mata do ferro que berra

Do grito aflito da mata oculto pelo ranger da motosserra

Senhor, se for tomar essa terra lhe peço um favor

Que ensine seus filhos a tratá-la com amor

Mas se for pra manchar e destruir a terra que eu nasci

Antes de partir me enterra aqui

Porém, saiba que ainda que eu me vá meu povo viverá

Pois somos um pedaço da alma desse lugar

E quando a última árvore tombar, o homem branco vai perceber

Que dinheiro, não se pode comer

Aí você verá eu e você somos iguais

Temos a mesma alma que as plantas e os animais

Da terra viemos, e pra ela iremos voltar

Mas até lá, já será tarde demais

Pela demarcação de terra

Contra os genocídios ambientais e culturais

Aiyra, Ibi Abá, filho da terra

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Aiyra Ibi Abá

Filho da terra, ser humano

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Ibi Abá

Aiyra, Aiyra Ibi Abá

Minha terra é minha mãe

E a mãe não se vende

Minha terra é minha mãe

E a mãe não se vende

Minha terra é minha mãe

E a mãe não se vende

Minha terra é minha mãe

Minha terra é minha mãe

Fábio Brazza.

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 20/10/2016
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