Rapariga...

Vejam bailarina
Da calçada,
Dança nas renúncias,
Dessa vida

Vaga pelas noites
Estreladas,
Numa passarela,
Colorida

Carrega um cheiro
Doce inebriante,
Seu corpo tem que estar,
Sempre a sorrir

Esconde a meia,
Um rasgo lacerante,
Quem sabe o que ainda
Mais está por vir


Talvez um moço rico
Se apaixone,
Por quem já não conhece
O coração

Lhe chamam rapariga,
Não tem nome,
Nos guetos é chamada
Tentação

Se deita com qualquer
Que lhe acene,
Não sabe o que o amanhã
Reservará

Ajeita, mostra o ombro,
A tatuagem,
Um pássaro ferido,
Um carcará ...


Vejam Messalina
Mais moderna,
Carrega o tempo seu,
Sob medida.

Amante dos milicos
Nas casernas,
Não sabe onde chegar
Nem da partida

Ajeita a maquiagem
Cintilante,
Um traço de batom
Quase encarnado

O grito da buzina
Alucinante,
Já tem pra quem mostrar
O seu bailado


Não sabe de paixão
Ou de prazer,
Pra ela todos são
Sem certidão

Nem sabe o que,
Lhe pode acontecer,
A vida não lhe dá
Satisfação

Se deita com qualquer
Que lhe acene,
Não sabe o que o amanhã
Reservará

Seu corpo, é algo que,
Não lhe pertence,
Se deixa, num segundo
Embriagar.
Maria Araujo e Germano Ribeiro
Enviado por Maria Araujo em 20/12/2017
Reeditado em 21/12/2017
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