CAMPO MINADO

CAMPO MIMADO

Vejo da janela que tá vindo temporal.

Carro derrapando, estrada da fazenda.

Encomenda meio quilo para a merenda.

Resto todo é jogado no fundo do bornal.

A farra dos farrapados bem empregados.

Mergulham, os outros, num abismo cruel.

Pano sujo, sangue inocente, revelia o céu.

Sem noção, poder e corrupção estragados.

Impera a lei do silêncio assustado do povo.

Esquece do sofrimento assim que bola rola.

O verde se desfazendo, terra e cor, acerola.

Chora, as mesmas lástimas, ao ver de novo.

Campo minado diferente do bom gramado.

Em hospital, creche, escola, administração.

Corrói igual ferrugem o hidróxido de feirão.

Basta ironia, chega ladrão, tomar magistrado.