Páginas de vidro
Clara voz da noite
Chaga mergulhada no absurdo
Um desfavor à dor
Voz de diamante
Sopro em sintonias de veludo
Mal de muito amor
Que reveste o mar dos calafrios
E atormenta o sal do corpo
Num vulcão de beijos
Em perfeita erupção
Teu cheiro tem sabor de azul marinho
Sob a água fria de um Canadá só teu
Fronteiro a toda solidão
Páginas de vidro
Vento que vagueia
Solto num sonho bom
Quase um balé de ar
Pétalas de brilho
Mãos e bocas, sorte e fé
De rubra intenção
até onde o amor queimar
Universo preso entre os olhares
Todos os lugares convergindo
Pro teu edredom
Quando o tempo curva não se sabe
Nem ao certo se a voz
Que cala é paz ou explosão
Reluzente pedra azul de Rio
Que absorve cachos de quasares
De outras dimensões
Será que eu sei
Me guardar de mim
Pra buscar em ti
O que eu sei que é bom?