Ouvir a palavra muda

É necessário aprender a ouvir o sonido da palavra muda, tal qual, boca alguma poderia reproduzir seu som ou efeito, aquela mesma dita com o fidedigno sentir da alma em ascensão. Existem inúmeras almas as quais enunciam-nos diariamente muitas das abscônditas verdades, e não há em nós qualquer resquício da vontade de exercer o pensar através do modo sui generis de reflexão junto ao crivo da razão que nos pertence. Tendo por finalidade, enfim, o julgar como sendo portentoso gesto de misericórdia dado à nós pequeninos, perante o aproveitamento do todo.

Há quem exprima na própria essência a ideia de ser sozinho, aquele quem nunca ousou cerrar os olhos do corpo em instantes de reflexão, em virtude do medo de enxergar-se imerso à própria escuridão que o cingi, sentindo-se mais só. Porém, mal sabe que ao desprender-se da ímpar e arcaica concepção grosseira da matéria, a fim de salientar o bom propósito da evolução dos ideais, abre-se instantaneamente os verdadeiros olhos que enxergam, os da alma. Tornando possível, deste modo, a benevolente mirada de todos benfeitores... Aqueles amigos que nos ensinam pacientemente sobre como remontar as causas e diluir os efeitos do sofrimento arquitetados por nós. Em face do característico egoísmo de natureza humana, presumimos que não haveria entidade alguma habilitada a amparar-nos, besteira!

Há batalhões de estrelas que, no espaço escuro das dimensões universais provindas da Consciência por seu fluido cósmico, brilham cintilantes na mais longe distância e na mais perto de todas, a cada dia. E que hão de iluminar a mente que crê ser passível de receber melhorias, a que entende a própria pequenez e busca amar-se para conquistar evolução. A luz sempre banha as almas melancólicas e felizes nos instantes mais breus da noite passageira. A mesma alma infinita que não ouvia a explicação sobre a breve duração da solidão e sofrimento, quando permitiu-se ouvir e fazer-se entendida, fez-se eternamente feliz. Não há sofrimento que dure para sempre, a felicidade está para o sempre, como estamos para ela.

Juliana Pereira
Enviado por Juliana Pereira em 11/03/2014
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