SÊ TU E CRÊ EM TI

Foi muito antes do meu ser, no saber-me aqui -

presença esquiva e solitária -, que eu fui, sonho acordado,

de um sono, chamado à pressa.

Nada sou ou flui, mas vários ao mesmo tempo;

Como se um rio a correr para muitos mares.

Se me penso minto, porque pensar

é só pensar, o que dum ou doutro quer -

de uma forma egoísta e minimalista.

Não pensar em nada. Calar; só ofende o fanfarrão:

que por não ter o que dizer, dita qualquer coisa, para o ar,

para se ouvir a si mesmo, há falta de melhor.

(E sorri do avesso, como a um espelho de costas).

Se alguém te sorrir, não esqueças de sorrir também.

Se o primeiro, foi escárnio, o que foi teu,

levou o melhor de ti; antes assim, que te pareceres com o falso.

Em cada coisa que fizeres põe tudo quanto és,

e veste o melhor fato, para que te vejam só assim.

Como a força de vontade, a sapiência e o discernimento.

Se mais ninguém te acompanhar,

decerto que a ninguém magoas, se preferires a porta aberta

para a luz do desconhecido: é que o Homem se fez

para as grandes descobertas, a solo.

Se, pelo contrário, mais alguém te seguir, tua é a responsabilidade

de lhe achares uma cabana, comida farta, água fresca

e lenha, para se aquecerem no inverno; e na primeira orvalhada

partires, e voltares ao porto de abrigo, trazendo

contigo quem em ti confiou – cumprimentem-se!

Não creias no “Homem Forte” nem no “Herói”,

apenas sê tu, em tudo quanto fores.

Jorge Humberto

13/01/21

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 18/01/2021
Código do texto: T7162636
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