O MAGNÍFICO SEGREDO DO NATAL

O MAGNÍFICO SEGREDO DO NATAL

Há um magnífico segredo por trás do Natal, segredo de grande interesse a todos os indivíduos, sejam crianças ou adultos, ricos ou pobres, grandes ou pequenos, geniais ou sem a menor cultura.

Certa vez, por volta de dois mil anos antes do primeiro Natal, um homem, já de certa idade, deixou sua cidade no sul da Mesopotâmia, subindo, com seu pai, irmão, sobrinho e esposa e todos os serviçais e rebanhos, o vale dos rios Tigre e Eufrates até Padã Harã, ao norte, descendo depois em direção ao vale do mar Morto, onde morou até o fim de sua vida, saindo dali poucas vezes e por pouco tempo.

Ele saíra de sua cidade, deixando lá conforto e urbanidade, aventurando-se a pé por desertos e matas, dormindo em tendas e bebendo água de cisternas, em busca de uma antiga promessa, que, de tão antiga e confundida pelos tantos acréscimos e decréscimos, mais parecia uma fabulosa lenda. Tal promessa fora feita aos seus antepassados mais antigos no dia em que se decepcionaram consigo mesmos ao fracassarem num grande projeto. E, pelo muito tempo passado, a promessa fora esquecida por muitos, desacreditada por tantos e bastante confundida por outros tantos com a mistura de histórias variadas. No tempo desse homem a promessa estava muito confusa e improvável no consciente das diversas tribos sobre a terra, pelo que sua viagem mais parecia uma grande loucura.

A promessa tratava de um grande tesouro, um presente magnífico que haveria de ser dado pelos Deuses a humanidade quando as ocupações da vida, a corrida por sobrevivência e os entraves da convivência tivessem tirado de quase todos o sentimento de irmandade e misericórdia – quando a afeição e o amor de uns pelos outros tivessem se tornado tão incomuns ao ponto de suas manifestações serem tomadas por loucura. Nesse tempo, dizia a promessa, uma criança especial haveria de nascer, um menino divino ao mesmo tempo em que humano. Ele viveria em meio aos humanos, participaria de seu modo de vida, conheceria seus sentimentos, seus sonhos e pesadelos, suas vitórias e derrotas, suas alegrias e tristezas e lhes ensinaria paciência para suportarem os fracassos e falhas uns dos outros, tolerância para suportarem-se mutuamente, misericórdia para considerarem uns aos outros mais do que seus erros, e amor, para que o sorriso, sentimento e bem-estar do próximo fossem mais importantes do que tudo para todos.

Assim, eles corrigiriam o fracasso original e acertariam onde os antepassados fracassaram e, desde então, a felicidade nunca mais seria ameaçada, as degenerações e doenças seriam vencidas, a morte e o choro seriam esquecidos e tudo voltaria a perfeição original, onde o ódio, o roubo, a privação, a miséria, a vingança, a guerra, a dor, a morte e o sofrimento serão apenas lembranças muito vagas. Dessa forma, em vez de carregarem o estigma do fracasso, os humanos portariam a coroa da vitória, sendo felizes para sempre.

Juntamente com sua família, o peregrino do deserto percorreu terras intermináveis em busca da linda promessa e a realização do sonho de restauração da relação da família humana. Desejaram ver o dia em que essa criança especial começaria a mudar o mundo de uma aldeia de desigualdade e injustiça para um mundo de igualdade e amor. Mas, embora muito o tenham desejado, apenas o viram de longe, somente no coração, pela certeza de que viria. E tiveram por consolo a promessa de que Ele nasceria na mesma família, como fruto de sua própria descendência. Morreram, entretanto, sem tê-lo visto.

Passaram-se então mais dois mil anos até o cumprimento da promessa, quando o menino Deus veio ao mundo dos mortais. Ao chegar, porém, nem mais os descendentes do peregrino do deserto O esperavam. Mas Ele veio mesmo assim. Não porque O esperassem, pois veio justamente porque as circunstâncias da humanidade o requeriam e sua vinda se fazia urgente, não podendo passar do tempo em que veio.

Então nasceu o menino especial, a criança prodígio que veio ensinar a humanidade o verdadeiro amor – o dar sem nada esperar. Seu nascimento foi justamente isto da parte de Seu Pai – um ato combinado do Pai, Filho e do Espírito Santo em prol da humanidade. Sua vinda trata-se de uma dádiva da triuna divindade a uma humanidade condenada ao auto-extermínio por sua maneira destrutiva de pensar, agir e tratar. Esse bebê foi dado por Deus à humanidade e seu único ensinamento para recuperar a família humana é dar e doar-se sem esperar nem requerer recompensa ou reconhecimento. E Ele deu-se sem reservas e sem esperar mesmo consideração ou reconhecimento e justiça dos seres humanos. Ele deu a vista aos cegos, fez aleijados andarem, deu vida a mortos, curou todo tipo de doença e alimentou multidões. Tudo isso sem pedir nada em troca. Recebeu, porém, o troco. Foi crucificado ao fim de três anos de ensino e humanitária obra, morrendo em lugar dos culpados em vez de puni-los, alcançando aí o apogeu do seu magnífico ato de doação. E esse ato conferiu ao ser humano degenerado a certeza de que vale a pena abandonar o mal, parar de praticar a maldade, investindo tudo no bem, pois o resultado será o bem e não mais castigos, não mais vingança, não mais acusações e não mais segregação.

Portanto, o Natal é um ato de amor de Deus, doando Seu Filho para nos ensinar a doar – doar o coração para aprendermos o ensinamento do amor, da caridade e da misericórdia. Sendo assim, o que devemos ensinar e fazer é imitar o menino da manjedoura, o pregador das colinas, o homem pendente na cruz, nascendo para uma nova maneira de ser, preocupando-nos em dar em vez de receber, ensinar o amor, o estender a mão, o perdoar a quem quer que seja, mesmo aqueles que nos maltratam e perseguem. Assim faremos o Natal verdadeiro, pois a paz, a harmonia, a misericórdia o amor e o perdão são o verdadeiro espírito do Natal. Afinal, foi por isso que Jesus nasceu, por isso cresceu, ensinou e morreu e isto foi o único Evangelho que pregou.

Feliz Natal

Wilson do Amaral