O Caminho do Gólgota

O período pascal é uma das épocas mais aguardadas do calendário cristão no mundo. Milhões de almas se unem numa só prece para rememorar o caminho percorrido pelo Cristo, desde os minutos finais de sua missão encarnado na Terra, até os minutos iniciais de sua Ressurreição como o Messias de Deus.

Jesus foi o Maior Mensageiro Celeste que já nasceu em nosso planeta. O Próprio Governador dessa esfera rebaixou-se em sinal de maior humildade, nas escuridões onde ainda nos encontramos, para acender em nossos corações, a Luz Transformadora das boas novas de alegria.

Ele próprio, o Cristo Encarnado, andou no meio de nós. Foi o portador da mensagem divina e espalhou em nosso meio, sinais e maravilhas. Curou as feridas, enxugou as lágrimas, alimentou os famintos e consolou a todos com o mesmo amor, com a mesma compaixão – fosse homem, mulher ou criança; simples, letrado, rico ou pobre – era o mesmo olhar de amor, o mesmo toque de paz, a mesma voz de alegria.

Mas, todos esses sinais, toda a Sua Presença, alcançou o ápice no Milagre do Túmulo Vazio, naquele domingo inesquecível. Nunca, a passagem bíblica que ensina que o “pranto pode durar uma noite inteira, mas a alegria chegará pela manhã” ¹ fez tanto sentido como naquele raiar de dia, onde a morte deu lugar a Vida; onde o fim foi desmascarado para sempre, e o Mundo Espiritual foi aberto aos homens de boa vontade.

Porém, antes que o milagre da Ressurreição ocorresse, foi preciso percorrer o caminho do Gólgota – o Monte da Caveira.

Deus, em Sua Maravilhosa Sabedoria, utiliza as coisas loucas desse mundo, para confundir as sábias². Onde haviam ossos expostos de dor e amargura, Ele transformou em corpo redivivo de esperança e paz.

Foi necessário que Jesus tomasse do Cálice Amargo e chegasse até as últimas consequências de sua Paixão, para mostrar o quanto nossa arrogância e prepotência é capaz de destruir, torturar e matar. Nossa ignorância cega qualquer possibilidade de iluminação. Mas, a humildade d’Aquele que é nosso Irmão Maior escancarou as verdades eternas e nos ensinou o caminho que nos aproxima do Divino. Humilde, Ele carregou a Cruz, sentiu as dores dos cravos lacerarem seu corpo humano, perdoou seus acusadores e confiou, até a ultima gota de sangue, na Providência Divina.

O exemplo do Mestre nos convida a percorrer o caminho do Gólgota, subindo o Monte da Caveira, carregando nossa Cruz – aquele que é o símbolo de todas as nossas dores – com humildade, serenidade e confiança, sem esconder de nós mesmos as nossas falhas e pequenez, para que nosso orgulho, preconceito, apego, ódio e rancor seja morto junto com nosso velho homem, para que da cova de lamento, do sepulcro de dor, a Providência Divina faça o milagre da Ressurreição do Homem Novo, que viverá na Terra Nova do Cristo.

“O Meu Reino não é desde Mundo³” – assim disse Jesus. O Homem desse mundo precisa morrer para seu orgulho e reviver para a humildade, para que possam herdar a Terra como Bem-Aventurados do Espírito.

Lembrem-se meus queridos amigos:

A Reforma Íntima não ocorre dentro dos palácios de nossa arrogância, mas começa dentro do cemitério de nossa alma, onde escondemos os cadáveres de nossas falhas e defeitos. Precisamos, o quanto antes, encarar nossos fantasmas, carregar nossa cruz e sepultar decentemente tudo o que ainda nos impede de viver a plenitude da regeneração, para que através de nossa fé nas verdades eternas, os Céus Ressuscite o Homem Regenerado no nosso Templo do coração, para que viva a vida abundante num planeta de regeneração.

A Páscoa é a passagem. A Páscoa é a festa da Vida.

A Páscoa é o convite constante para a nossa reforma íntima.

Que a Paz do Cristo resida em nossos corações.

Dona Rosa