Fale como se quisesse calar a si mesmo, como quem espera. A si mesmo como quem trata as palavras como ourives, antes de devolvê-las em sorrisos. Fale como se fosse mágica!
Cale como se fosse a vida apenas ouvida em sussurros ao pé do ouvido, ouvida como um presente recebido sem esperar. Cale e ouça a si mesmo como quem espera... A si mesmo como quem permanece de pé sem perder de vista a passagem da vida diante dos olhos. Ouça e veja!
Espere e siga como se fosse voltar de mãos vazias, não espere retornos...Retorne se preciso for. Espere a si mesmo com perseverança o que ainda não mudou por dentro, o que ficou de fora pra próxima vez...Acredite numa próxima vez!
Espere a si mesmo como quem tem muito mais do que bons motivos pra viver, e mais que um motivo pra não magoar quem não entende o silêncio que a alma produz. Espere a si mesmo como quem vive com olhos no presente.
Se falássemos como se pudesse calar, não seria um ato covarde silenciar, mas, sensível a ponto de olhares, somente olhares, nada mais.
Quem apenas ouve em vez de retrucar, retém em vez de devolver, domina as águas intranqüilas da ira, faz cessar os ventos impetuosos da discórdia como quem escreve na areia e não se importa se o mar, volta e meia, vem apagar.
Entre silêncios confessamos, aprendemos a começar de novo, preparar o novo como quem acaba de chegar pra um banquete.
Falar como se quisesse calar é saber na inocência o tempo certo de colher, assim como escolher entre as melhores ofertas, nossa melhor maneira de ser a gente mesmo sem meias conversas, verdades e palavras.


Tiago Alves
Enviado por Tiago Alves em 09/02/2006
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