A CHUVA

É noite!

Os ruídos característicos do horário... Gotas de chuva explodem surdas e tranqüilas, ora sobre o telhado, a folhagem, numa poça de água... Sons diversos, distintos... E, deles, vai se destacando a melodia de Debussy, integrando essa atmosfera lenta, evocando o silêncio maior que vai descendo... Descendo...

Sonhar!... A noite foi feita para sonhar... Repousar...

Tudo aquilo que foi o dia, é passado... Vivido. Um trabalho mental e normal...

Chove!... A noite chove!... E essa água lava a terra... O cansaço... Os problemas... As incertezas...

A chuva lava... E leva!... A vida vai se acalmando. A mansa chuva entoa sua canção fecunda e harmoniosa, ritmada e generosa!...

Somos folhas despetaladas de uma flor singela que brilharam alvoroçadas à luz do sol, fremindo de pressa e ansiedade, querendo, não apenas a beleza de suas presenças, mas, a firmeza da oportunidade vibrante do jardim...

Se olharmos à nossa volta, quão imenso é o jardim, quão vasto o campo, prado, montanhas, matas, florestas... As águas dos lagos, rios, cascatas... O oceano imenso... Um sem fim de vidas que brotam, germinam, medram, seguindo o ciclo natural da vida!...

Nosso jardineiro sempre o mesmo! Com igual atenção olha para cada um... Sente, ajuda, ampara, protege, abriga das intempéries, visando a colheita, a safra, a abundância, a beleza, a sensibilidade despertada, colorida, admirada... Pois nada que viva acima do nível do mar, sob o céu imenso, e, mesmo, no fundo dos oceanos, pode, sequer, desmerecer o espaço que ocupa!

Essa vibração de vida é canção pulsando, e, em ondas, seguindo... Espalhando-se sempre... Até o infinito!...

L.Stella Mello

Stella Mello
Enviado por Stella Mello em 30/04/2005
Código do texto: T13936