que dizer...

A mensagem que tentarei escrever amanhã, será a mensagem que teria escrito hoje (obriga-me a passar do caderno...). Passo pois ao que acabei de escrever e me surge como sendo... a mensagem de hoje.

Acabei de receber um email e de responder, ainda não acabei de responder. Terei respondido quando enviar o email que escrevi, será já de seguida. Ainda antes de publicar esta "mensagem", como mensagem.

Estou aqui a explorar o 69 da leitura/escrita, continuando a pôr a realidade nos limites da ficção... Vou publicar o email recebido, o seu autor pode sempre pedir para ser conhecido, reconhecido. Os comentários são abertos, nenhum será apagado, a pedido do próprio integrá-lo-ei junto com o texto comentado, este ou qualquer outro!

Feito o cenário, vamos à cena:

«

ATLÂNTICO DO SOL

Francisco amado, estou desempregado... É muito difícil viver assim... Por outro lado, nunca escrevi como agora. Tudo parece ter um sentido. Minha memória está péssima; porém, minha alma está com todas as artérias das alturas!!! Ultimamente, tenho aprendido tudo sobre a solidão. Certamente, morrerei qual uma borboleta sobre o Atlântico do Sol. Francisco, meu amor "Chico", espero que eu possa inventar muitos poemas à Humanidade!

»

QUEM ÉS?

Que dizer!!

Pode perguntar-se a uma pessoa

quem és?

A pessoa dirá quem é

em função daquilo que acha

que a outra pessoa quer saber...

Eu procuro neste poema

perguntar ao leitor: Quem és?

Caro leitor, que respondes tu??

Só há uma resposta!

É melhor esclarecer desde já

para não sobrar tempo

a perder tempo...

Apenas um poema pode responder

a esta questão e esse poema

não pode, não deve ser

algo inédito depois desta leitura

Este poema é a resposta

à pergunta que fiz e procuro

responder: quem és?

E tu és a resposta ao poema

que estou a escrever!

Encontro a resposta pois

onde a procuro, leitor

A questão aproxima-se vertiginosa

da relação entre quem lê

e quem escreve!! Porque tem

de estar sempre presente

a consideração inicial:

Que dizer!!

As duas bandarilhas da exclamação

andarão no lombo do poema

até ao final da faena!...

A interrogação vem depois,

primeiro libertei(-me)...

És pois em função daquilo

que julgares que sou

e que descobrires que és

enquanto me lês

E cada vez temos menos tempo

para produzir uma resposta

definitiva

No mais intimo de ti já deves...

vir aos poucos descobrindo:

quem és

Escreves estranhas palavras: «Francisco, meu amor "Chico", espero que eu possa inventar muitos poemas à Humanidade!»,

que possas inventar muitos poemas à humanidade!...

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 26/06/2005
Código do texto: T27839