A lei dos agrupamentos no Espaço
Todos os Espíritos estão sujeitos à lei dos agrupamentos no Espaço, e das afinidades entre si. A orientação dos seus pensamentos leva-os naturalmente para o meio que lhes é próprio; porque o pensamento é a própria essência do mundo espiritual, sendo a forma fluídica apenas o vestuário. Onde quer que seja, reúnem-se os que se amam e compreendem. Se for propenso às coisas da matéria, o Espírito fica preso à Terra e mistura-se com os homens que têm os mesmos gostos, os mesmos apetites; quando é levado para o ideal, para os bens superiores, eleva-se sem esforço para o objeto dos seus desejos, une-se às sociedades do Espaço, toma parte nos seus trabalhos e goza dos espetáculos das harmonias do infinito.
O pensamento cria, a vontade edifica. A causa de todas as alegrias e de todas as dores está na consciência e na razão; por isso é que, cedo ou tarde, encontramos no além as criações dos nossos sonhos e a realização das nossas esperanças. Mas, o sentimento da tarefa incompleta, ao mesmo tempo em que os afetos e as lembranças, trazem novamente a maior parte dos Espíritos à Terra. Todas as almas encontram o meio que os seus desejos reclamam, e hão de viver nos mundos sonhados, unidos aos seres que estimam; mas aí também encontrarão os prazeres, os sofrimentos que o seu passado gerou.
Nossas concepções e nossos sonhos seguem-nos por toda parte. No surto dos seus pensamentos e no ardor de sua fé, os adeptos de cada religião criam imagens nas quais supõem reconhecer os paraísos entrevistos. Depois, pouco a pouco, se apercebem de que essas criações são fictícias, de pura aparência e comparáveis a vastos panoramas pintados na tela ou a afrescos imensos. Aprendem, então, a desprender-se deles e aspiram as realidades mais elevadas, mais sensíveis. Sob nossa forma atual e no estreito limite de nossas faculdades, não poderíamos compreender as alegrias e os arroubos reservados aos Espíritos superiores, nem as angustias profundas experimentadas pelas almas delicadas que chegaram aos limites da perfeição. A beleza está por toda parte; só os seus aspectos variam ao infinito, segundo o grau de evolução ou depuração dos seres. (Léon Denis)