Dia do Professor: o que comemorar?

Wilson Correia

Hoje, Dia do Professor, o que mestres e mestras têm a comemorar?

A destinação da quase metade do Orçamento da União, em 2011, para pagar juros de uma dívida privada que o “Estado Mínimo” neoliberal estatizou, em um agigantamento sem precedentes do setor estatal para o setor privado?

A destinação de apenas 2,99% do Orçamento da União, em 2011, para a educação?

A obsessão por fazer número e quantidade magra sobrepujarem o valor e a qualidade?

A realidade que nos coloca como a sexta economia mundial, mas a octogésima em Índice de Desenvolvimento Humano e a terceira nação no registro dos países socialmente mais desiguais do planeta?

A tirania da estatística, que nos joga em um produtivismo cego que não nos aponta para onde estamos indo, nem o porquê caminhamos?

As precárias condições de trabalho, justamente em um setor que deveria ser, de fato, estratégico para um potencial projeto civilizatório nacional, para um projeto de nação?

Nosso Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, com média nacional que não salta da casa do 3, em uma escala que vai de zero a 10?

O fato de a educação nunca ter sido prioridade no Brasil?

Os 38% dos que, em situação de alfabetismo funcional, encontram-se em nossas salas de aula universitárias?

Os 70% dos brasileiros que se encontram em situação de alfabetismo funcional, não conseguindo empregar significativamente os recursos da cultura letrada sob a qual nos encontramos?

Os magros 17% de nossos estudantes que saem do Ensino Fundamental dominando matemática ou os poucos 27% que, no mesmo nível, dominam língua portuguesa?

Os adoecimentos de professores e professoras, por conta das adversas condições de trabalho, baixa remuneração e outros fatores negativos que lhes roubam a saúde?

Os vergonhosos salários de professores e professores da Educação Básica, contra os quais ainda agem governantes, nos três níveis do Estado brasileiro, fazendo campanha para diminuí-los ainda mais, afrontando o Piso Salarial Nacional da categoria?

O panorama nos mostra que não há o que comemorar. Cá conosco, porém, temos que reconhecer a dedicação heróica de mestres e mestras que, mesmo em condições difíceis, dedicam-se à teimosia de querer brasileiros e brasileiras plenamente educados, na crença de que sem educação não se faz uma cidade, não se constrói uma nação.